Disco: “Banks”, Paul Banks

/ Por: Cleber Facchi 18/10/2012

Paul Banks
Indie/Singer-Songwriter/Alternative
http://www.bankspaulbanks.com/

Por: Fernanda Blammer

Parece difícil compreender o que de fato pretende estabelecer Paul Banks com o lançamento do segundo e mais novo registro em carreira solo, Banks (2012, Matador). Sucessor do irregular (e representação de um alter ego) Julian Plenti is… Skyscraper (2009), o novo álbum se estende como uma continuação inusitada do que o cantor promove em sua outra banda, o Interpol, apostando em um trabalho que se esquiva (ao mesmo tempo em que se aproxima) do pós-punk e das mesmas aproximações climáticas que lhe trouxeram destaque. Menos tímido e até decidido quando próximo do resultado base do último disco, o britânico naturalizado estadunidense busca se firmar com a construção de um álbum que até tenta distanciá-lo de suas anteriores associações, entretanto, o resultado permanece apenas na tentativa.

Tão logo inicia com o single The Base, Banks favorece a criação de uma sonoridade que se materializa como o Interpol do álbum Our Love To Admire (2007) brincando de adaptar o mesmo indie pop colorido de alguns artistas europeus. Surgem assim aproximações com o trabalho de bandas como Shout Out Louds (do álbum Work, 2010) e em alguma medida os instantes menos sombrios da obra dos Smiths, principalmente o que é apresentado no decorrer do álbum “Strangeways, Here We Come” (1987). Capaz de representar certa dose de distinção e ineditismo em uma primeira audição, a “nova” sonoridade logo se resolve como uma mera continuação do que o músico propôs há três anos com o último disco solo, soando menos fria e em vários momentos aceitável.

A tentativa de estabelecer um novo rumo ao trabalho de Banks parece concentrada em grande parte no eixo inicial do álbum. Enquanto Over My Shoulder delimita a construção de melodias práticas e versos acessíveis (lembrando em alguma medida o The Walkmen do disco Lisbon), Young Again puxa o músico para um resultado de claras renovações, com o vocalista do Interpol mergulhando em pequenos encaixes eletrônicos, acordes leves, dedilhados e vozes que se mantêm suaves até os últimos instantes. Sobra até para o cantor raspar na fragilidade da música folk na abertura da ensolarada e inteiramente instrumental Lisbon, uma das composições mais delicadas e distintas de toda a carreira do artista.

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Enquanto a primeira metade do álbum concentra o que há de mais raro e diferente em toda a trajetória do músico (que já ultrapassa uma década de atuação), quando atinge a segunda metade do trabalho, Banks vai de encontro ao que há de mais tradicional e obscuro em suas composições. Surgem assim aproximações diretas ao trabalho com o Interpol, resultado identificado nas guitarras e vozes sóbrias que delimitam toda a mecânica de Paid For That, canção que poderia facilmente ser encontrada no autointitulado último disco da banda nova-iorquina. A mesma tonalidade se faz visível na execução de Summertime Is Coming, canção que mesmo mergulhada em acertos mais acústicos permanece íntima de tudo o que o músico já está habituado a promover.

Ao mesmo tempo em que busca ressaltar suas origens e apostar em algo novo, quando atinge No Mistakes, Banks contradiz o título da canção e assume o momento de maior erro e estranhamento de todo o trabalho. Ora corrompida pelas guitarras, ora mergulhada em ambientações orgânicas incompatíveis com o restante do álbum, a canção parece acumular todos os erros que Banks vem exaltando com o passar do disco, tornando confuso o entendimento do que o músico pretende desenvolver com a faixa. Vê-se na canção a mesma tentativa fracassada do norte-americano em brincar com o art rock sem de fato saber o que pretende alcançar.

A irregularidade do disco em diversos momentos acaba passando despercebida mediante a manifestação assertiva e constante das vozes de Banks, que assim como no Interpol mantém o mesmo primor e a capacidade de atrair o público – o que por si só já deve amarrar uma boa parcela dos espectadores que buscarem pelo presente registro. Com uma proposta de acabamento menos experimental e faixas dotadas de forte delineamento comercial, com o novo álbum o cantor se mostra pronto para arriscar novos territórios e experiências, ainda que ao encerrar da última canção o disco caia quase imediatamente no esquecimento.

Banks (2012, Matador)

Nota: 6.0
Para quem gosta de: Interpol, The Walkmen e The National
Ouça: The Base e Summertime Is Coming

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.