Disco: “Bebendo Socialmente EP”, Hangovers

/ Por: Cleber Facchi 01/04/2011

Hangovers
Brazilian/Grunge/Instrumental
http://www.myspace.com/han6overs
http://tramavirtual.uol.com.br/han6overs/

 

Por: Cleber Facchi

Certos gêneros musicais parecem simplesmente inimagináveis, porém, em se tratando de Brasil quase tudo (ou tudo) é possível. O mais recente “estilo musical” a comprovar isso é o famigerado Grunge Universitário (Kurt Cobain, onde quer que ele esteja se contorce), nomenclatura criada pela banda gaúcha Hangovers para definir o tipo de som proposto pelo grupo e que parece mais uma contra-resposta ao odiado Sertanejo Universitário (mesmo que amado por metade do país).

Deixando o gênero brincadeira de lado, o som proposto pelo power trio Liege Milk (bateria), Theo Portalet (guitarra) e Gabriel Lixo (guitarra) não é nada além do bom e velho rock grunge instrumental, repleto de guitarradas sujas e comandado por uma bateria vigorosa (meninos, aprendam com a ótima Liege o que é tocar uma bateria). Nas seis faixas que representam Bebendo Socialmente EP (2011) o que temos é uma sequência de sons feitos para derrubar o ouvinte, um verdadeiro tsunami de distorções.

Produzido pelo guitarrista do Superguidis Lucas Pocamacha (que deve ter recordado dos primeiros lançamentos do grupo, quando ainda se chamavam Dissidentes), o EP peca pelo simples fato de não contar com letras e vocais, afinal, difícil não ficar interessado em cantar faixas como Chico Bento vai ter sua vingança em Seattle ou ainda Puta de Óculos e Eis-me a transpirar tal qual um suíno. Se nenhuma palavra é pronunciada ao longo do disco, a saraivada de guitarras os salva de qualquer problema.

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Em dois minutos o trio nos esquenta com O senhor está despedido, aquele tipo de faixa perfeita para um dia de fúria e que chega lavando o ouvinte com uma sequência de acordes em que o impossível é ficar parado, aquele tipo de música no melhor estilo Mudhoney de ser. Brincando de Stoner Rock vem a ótima Positive Creep, que mesmo ausente de baixo entrega todo seu ar explosivo de maneira fugaz, isso tudo em menos de dois minutos.

Horas a fio ouvindo Bleach (1989) e Superfuzz Bigmuff (1990) tendem inevitavelmente a gerar canções como Molón e o Grunge Universitário, mais uma dessas canções repletas de sons descontroladamente controlados e que explodem de forma empolgada nos ouvidos. Até alguns focos de Heavy Metal podem ser encontrados ao longo do pequeno registro, como ocorre em Puta de Óculos, com as guitarras de Portalet e Lixo se espancando agressivamente.

Embora funcione de maneira dinâmica, Bebendo Socialmente é um desses trabalhos que funcionam muito melhor ao vivo. O misto de cabeças balançando, corpos suados se chocando e cerveja voando para todas as direções parecem ser um aditivo extra para as boas pancadas e rajadas de guitarras construídas dentro do disco. O Hangovers é a banda perfeita para chutar aquele artista sertanejo do palco e mandar uma surra de guitarras para cima do público.

 

Bebendo Socialmente EP (2011)

 

Nota: 7.3
Para quem gosta de: MQN, Superguidis e Black Drawing Chalks
Ouça: O Senhor está despedido

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.