Disco: “Before Today”, Ariel Pink’s Haunted Graffiti

/ Por: Cleber Facchi 30/11/2010

Ariel Pink’s Haunted Graffiti
Lo-Fi/Experimental/Indie
http://www.myspace.com/arielpink

Maturidade
ma.tu.ri.da.de
sf (lat maturitate) 1 O mesmo que madureza. 2 Idade madura.3 Perfeição. M. social, Sociol: grau em que as atitudes, a socialização e a estabilidade afetiva de um indivíduo refletem, como característica normal do homem adulto, um estado de adaptação ou ajustamento ao seu próprio meio.

Quem conhece a discografia (ou parte dela) do Ariel Pink’s Haunted Graffiti sabe que a sonoridade da banda não é nem um pouco acessível e por vezes soa até mesmo monótona. Desde o lançamento do seu primeiro disco, The Doldrums em 2004, a banda funciona muito mais como mecanismo de expressão (ou esquizofrenia) de seu front man Ariel Marcus Rosenberg do que como grupo musical em si. Em Before Today, o sexto (?) disco da banda, o Ariel Pink’s pode finalmente dizer que atingiu a maturidade e que inclusive chegou bem perto da perfeição.

O grande problema da banda em seus trabalhos anteriores estava justamente no excesso de canções que preenchiam os álbuns. Boa parte delas pareciam canções demo desnecessárias, outras estavam mais para uma tentativa preguiçosa de Rosenberg em tentar compor qualquer coisa. Desde que surgiu o grupo já lançou uma variedade de coletâneas contando com experimentalismos, versões demo ou sobras (das sobras) de estúdio.

Com Before Today o velho Ariel Pink’s Haunted Graffiti ainda está lá, porém finalmente conciso. Faixas gravadas em baixa definição, os vocais lesados de Rosenberg, experimentalismos e sujeira sonora, mas tudo acompanhado de ritmo quase pop e faixas extremamente fáceis e assimiláveis. É como se alguém de fato lapidasse uma banda que antes estava bruta e por vezes inaudível, e a transforma-se em algo maduro sem perder suas características básicas.

[youtube:http://www.youtube.com/watch?v=fFwsom6cBjs?rol=0]

Outro fator importante é a não presença de Ariel Rosenberg como figura única e controladora da banda. É visível a presença das guitarras, baixo, baterias e teclados de maneira funcional, onde os demais membros da banda tornam-se figuras essenciais em seu funcionamento.

Claro que Rosenberg (ainda o principal compositor da banda) merece boa parte do destaque. Suas letras antes insossas dão lugar a canções acessíveis que beiram a musicalidade pop. Bright Lit Blue Skies parece até ter saído de alguma banda de indie rock contemporânea. O mesmo acontece L’estat e com as baladas Round and Round e Can’t Hear My Eyes. O rock não fica de fora em Before Today, Butt-House Blondies (que parece alguma coisa do Pixies) abre e fecha em meio à guitarras pesadas e bateria bem definida. Sobra espaço ainda para a sessentista Little Wing uma das melhores faixas do álbum.

Before Today é indiscutivelmente um dos melhores discos lançados em 2010. O experimentalismo pop e as canções lo-fi acessíveis serão um agrado tanto para aqueles que buscam um som mais “comercial” como para quem por um rock mais alternativo.

Before Today (2010)

Nota: 9.3
Para quem gosta de: Ducktails, Real Estate e Animal Collective
Ouça: Round and Round, Little Wing e Can’t Hear My Eyes.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.