Disco: “Behind The Green Door EP”, Laurel Halo

/ Por: Cleber Facchi 20/05/2013

Laurel Halo
Experimental/Electronic/Alternative
http://www.laurelhalo.com/

 

Por: Fernanda Blammer

Laurel Halo

A mutação é parte fundamental do trabalho de Laurel Halo. Aproveitando de cada nova composição como um exercício de verdadeiro experimento e excentricidade, a cantora e produtora norte-americana alcança o mais novo registro da carreira com o mesmo propósito que movimentou seus anteriores lançamentos: a perversão constante das próprias ideias. Contrariando o cenário desesperador e quase silencioso firmado em Quarantine (2012), a artista regressa aos planos eletrônicos do começo de carreira, transformando mesmo a curta duração de Behind The Green Door (2013, Hyperdub) em mais uma obra de força essencialmente perturbadora.

Espécie de anúncio para tudo o que Halo solidifica agora, Sunlight on the Faded, lançada ao final de 2012 parece se encaixar com perfeição naquilo que a produtora sustenta no bloco rápido de quatro composições do novo EP. Dissolvida em poucos minutos, a canção se manifesta como um reforço etéreo para aquilo que a artista tende a promover de forma sintética no presente registro. Enquanto a faixa lançada no último dezembro parecia pulsar em uma medida ensolarada, como se marcasse a ruptura do universo delimitado em Quarantine, com o atual projeto Laurel traz de volta aspectos específicos do que fora testado em Hour Logic EP ao mesmo tempo em que reforça a carreira paralela como King Felix. Entretanto, mesmo a relação com a própria obra parece instável durante todo o tempo do registro.

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Halo parece inclinada a brincar com a reformulação de conceitos próprios, trazendo logo nos sintetizadores redundantes e batidas secas de Throw um princípio para essa estratégia. Brincando com elementos específicos daquilo que Daniel Lopatin construiu tanto com o Oneohtrix Point Never como dentro da parceria com Joel Ford (Ford & Lopatin), a produtora desce até idos da década de 1980 para encontrar boa parte do reforço para o novo álbum. Contudo, à medida que o projeto se desenvolve, Laurel deixa de seguir por um campo linear, trazendo no acumulo de ideias, referências e ruídos um complemento funcional para o trabalho. Lentamente reforços instrumentais que esbarram na música Techno, Trip-Hop e até outras estranhas exaltações são agregados, ampliando o cardápio da artista e o universo do pequeno EP.

É necessário notar que mesmo cercada de elementos desconcertantes e experimentos capazes de desestruturar a própria ordem dos últimos lançamentos, Halo estabelece o mesmo exercício de identidade e composições homogêneas a exemplo do que foi exposto no último álbum. Dessa forma é possível firmar um estranho entendimento entre UHF F/O, Sex Mission e demais canções espalhadas pelo registro, como se mesmo fugindo do próprio controle a produtora jamais esquecesse de amarrar as mínimas pontas soltas espalhada pelo trabalho.

 

Laurel Halo

Behind The Green Door (2013, Hyperdub)


Nota: 7.6
Para quem gosta de: King Felix, Ford & Lopatin e Oneohtrix Point Never
Ouça: Sex Mission e Throw

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.