Disco: “Beta Love”, Ra Ra Riot

/ Por: Cleber Facchi 16/01/2013

Ra Ra Riot
Indie Pop/Alternative/Indie
http://www.rarariot.com/

 

Por: Cleber Facchi

Ra Ra Riot

O pop nunca é o mesmo nas mãos do Ra Ra Riot. A cada novo lançamento assinado pelo coletivo nova-iorquino, uma variedade de novas preferências são incoporadas, transformando o grupo em um dos mais versáteis da cena estadunidense. Mesmo que falte à banda a construção de um trabalho de real destaque e influência dentro do que representa a música recente, impossível passear por cada novo registro dos norte-americanos sem que a verve de sintetizadores, vozes e acordes se anunciem de maneira hipnótica. Proposta que a banda volta a incorporar mais uma vez em Beta Love (2013, Barsuk), terceiro e mais novo lançamento do grupo desde o surgimento do projeto em 2006.

Vindo de uma sequência de pequenos acertos isolados desde o fracasso com o álbum The Orchard (2010), ao alcançar o terceiro álbum a banda deixa de lado a completa aproximação com os sons orquestrais, alcançando um trabalho que brinca de maneira acessível com o que há de mais comercial no mundo da música: os versos redundantes e sons fáceis. Saem as passagens instrumentais detalhistas – marca do debut The Rhumb Line – entram os blocos de sintetizadores, proposta que tanto aproxima o coletivo comandado por Wes Miles e Mathieu Santos de um novo público, como aprimora tudo que a banda já havia testado no brilho próprio do EP Too Dramatic (2011).

Atrasado quando observamos a mesma incorporação assertiva dentro de Gossamer (2012) do Passion Pit ou mesmo no próprio Discovery – banda comandada por Miles e Rostam Batmanglij do Vampire Weekend -, Beta Love conta com momentos de inegável beleza. De cara Dance With Me surge como uma espécie de novo hit do verão, fazendo o que parece ser um misto dos vocais pegajosos do One Direction com as batidas envolventes de Carly Rae Japsen – sim, isso é um elogio. Logo em sequência Binary Mind e a faixa-título – uma valorizando as guitarras, outra os teclados -, mantém em alta o nível de envolvimento do disco, que explode em acordes, vozes e batidas sempre entusiasmadas.


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Se Is It Too Much vem como um pequeno desnível na crescente instrumental do álbum, For Once volta a segurar as pontas do álbum, pavimentando com segurança o caminho para a chegada de Angel, Please e What I Do For U, os instantes mais brandos do disco. Com o ouvinte confortavelmente instalado, chega a vez de When I Dream mostrar como a banda despertou o interesse do público há alguns anos. Remetendo de maneira segura aos instantes sombrios, bem como a passagem pelo R&B em Constant Conversations (do Passion Pit), a canção reforça a capacidade da banda em emocionar, estabelecendo uma relação nostálgica e renovada com o primeiro disco.

Com a segunda metade da obra esboçando uma temática mais sóbria, fica praticamente entendido que teremos um fechamento capaz de desabar em melancolias sublimes. Entretanto a chegada de That Much restabelece o clima festivo do disco, transparecendo nos vocais uma estranha aproximação com a década de 1980. Se por um lado a faixa traz de volta as cores das primeiras canções, os instantes finais perdidos em programações excêntricas e guitarras desconstruídas transportam o grupo para um novo universo. Quem acompanha a carreira solo de Mathieu Santos verá que muito do que alimenta a faixa parece vir de lá, proposta que não inova, mas ao menos tira a banda de um resultado que evita redundâncias.

Sem a disposição de parecer uma obra grandiosa e cumprindo com a proposta suave de simplesmente encantar o espectador, Beta Love ultrapassa os limites redundantes da música pop para se transformar em um registro divertido, ainda que naturalmente descartável. Com uma proposta que praticamente desconsidera preferências que alimentaram as canções do grupo em outra época, o álbum explode em sons que tem como objetivo único grudar na cabeça do espectador, como um chiclete de sabor duradouro.

 

Beta Love (2013, Barsuk)


Nota: 6.5
Para quem gosta de: Passion Pit, Discovery e Matt & Kim
Ouça: When I Dream, Beta Love e Dance With Me

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.