Disco: “Big Talk”, Big Talk

/ Por: Cleber Facchi 19/07/2011

Big Talk
Indie Rock/Alternative/Rock
http://bigtalkmusic.com/

 

Por: Fernanda Blammer

 

Em meados de 2002 quando Ronnie Vannucci Jr. passou a integrar a formação definitiva do The Killers, como baterista da banda, boa parte do que seria delimitado como o som do grupo já estava arquitetado pelos demais integrantes do projeto (Brandon Flowers, Dave Keuning e Mark Stoermer). Entretanto é ao nos depararmos com o primeiro álbum do Big Talk – projeto paralelo do músico – para vermos o quanto a presença do baterista foi fundamental para delimitar toda a sonoridade que o quarteto de Las Vegas viria a desenvolver em seus futuros registros, excluindo a figura de Flowers como seu líder absoluto e principal mente por trás da banda.

Acompanhado do músico Taylor Milne, que assume as guitarras e o becking vocal do trabalho, Vannucci Jr. dá exato seguimento ao que sua banda original vinha desenvolvendo em sua melhor fase, durante o álbum  Sam’s Town em 2007. Unindo as mesmas referências da década de 80 com guitarras dançantes e um leve toque de rock de arena, a dupla desenvolve um tipo de som que mesmo sem nenhuma grande novidade cumpre com suas obrigações em entusiasmar o ouvinte, sem que para isso precise se adornar de sintetizadores nostálgicos ou sonorizações clichê.

Em suas 12 faixas o homônimo trabalho se concentra no uso apurado das guitarras, sempre expostas de forma radiante e que para além das sonoridades ressaltadas durante os anos 80 encontra boa parte de suas referências e seu ritmo no rock clássico dos anos 70, lembrando muito o Queen pré-A Night at the Opera. Da primeira à última faixa o até então desconhecido Milne se apresenta como um guitarrista coeso e que não poupa esforços na hora de construir as bases para os vocais de seu parceiro (que em determinados momentos soam muito similares aos de Flowers) brilhem e deem condução despojada ao trabalho.

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Sempre dividido entre os acertos e os erros, dessa vez o produtor Joe Chicarelli não poupou esforços em extrair o máximo da dupla. Cada faixa do álbum parece surgir no momento exato, mesclando momentos de pura aceleração com pontos de calmaria, perfeitos para que os sintetizadores e a bateria com eco possam se manifestar, sempre de forma moderada e não de maneira gasta. Diferente de outros registros do gênero, que em sua totalidade revelam pós-adolescentes encarando uma nostalgia não vivenciada, a estreia do Big Talk parece como um genuíno álbum dos anos 80, um registro esquecido que acaba de ser resgatado.

Embora situado dentro dos limites da New Wave e do rock oitentista, o álbum abre pequenas possibilidades para que a banda experimente novos tipos de som no decorrer do registro. Melhor exemplo disso está em No Whiskey, faixa que começa como uma baladinha acústica, para logo em sequência se transformar com a chegada de algumas boas guitarras no melhor estilo música country. O duo até arrisca um garage rock em Big Eye, canção mais distinta do álbum por conta de suas guitarradas sujas e uma ambientação lo-fi, dois tipos de composições que mesmo alheias ao que é proposto com o álbum parecem intimamente próximas do restante do trabalho.

Diferente do que Brandon Flowers fez ao lançar sua vergonhosa estreia em carreira solo – com o álbum Flamingo (2010) -, Vannucci Jr. e seu parceiro Taylor Milne desenvolvem um trabalho que deve agradar não apenas aos fãs do The Killers, mas um público totalmente próprio e que deve se estabelecer a partir de então. Divertido e acessível, o álbum não economiza na hora de apresentar hits fáceis, dotados de guitarras pegajosas e letras cativantes, um disco atual, mas com um cheiro de anos 80.

 

Big Talk (2011, Little Oil/Epitaph)

 

Nota: 7.0
Para quem gosta de: The Killers, Brandon Flowers e Anos 80
Ouça: The Next One Living

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.