Disco: “Bilhão”, Bilhão

/ Por: Cleber Facchi 13/04/2016

Artista: Bilhão
Gênero: Indie, Indie Pop, Dream Pop
Acesse: https://www.facebook.com/bilhao.musica/

 

Versos que detalham a passagem do tempo, guitarras essencialmente sutis e a constante sensação de acolhimento. Em Bilhão (2016, Balaclava Records), delicado registro de estreia do projeto comandado pelos músicos Felipe Vellozo (Séculos Apaixonados, Mahmundi) e Gabriel Luz (Crombie), todos os elementos que abastecem a obra são apresentados ao público com leveza, como a passagem para um ambiente que se faz convidativo, um verdadeiro recanto instrumental e lírico.

Tendo como base Atlântico Lunar e Horizontalidade, composições que apresentaram o trabalho da dupla carioca há poucos meses, vozes e arranjos flutuam em um aconchegante colchão de melodias tímidas e litorâneas. Sem pressa, ainda que efêmero – são apenas sete faixas e pouco mais de 20 minutos de duração -, o álbum segue à risca o verso central que salta da canção de abertura: “…que o tempo passa / Gordo e devagar”.

Em uma nuvem de sons e versos oníricos, típicos da recente safra do Dream Pop norte-americano, cada uma das sete composições que abastecem o disco seguem dentro uma medida própria de tempo. Nada de exageros, quebras bruscas ou possíveis alterações na ordem inicialmente apontada pela canção de abertura. Do jangle pop de Três da Tarde, passando pelo som acústico de Tô pra ver o tempo, até alcançar as derradeiras Mar de Vapor e The Effect, tudo flui com tranquilidade.

São letras ancoradas em elementos como “sol”, “céu”, “calor”, “mar” e “vapor”, detalhando de forma colorida o nascimento de pequenas paisagens – reais ou poéticas – que se espalham de forma sempre aconchegante até o último instante do trabalho. Uma espécie de fuga para um paraíso possível, talvez uma praia isolada em algum ponto distante do Rio de Janeiro, ou simplesmente um refúgio criativo que cresce na mente do próprio ouvinte.

Ainda que seja fácil lembrar do trabalho de artistas como Real Estate, The War On Drugs e TOPS, efeito da sonoridade letárgica que orienta as guitarras, durante toda a obra, Vellozo e Luz detalham temas, versos e experiências que revelam a essência musical e identidade do projeto. Melodias psicodélicas que esbarram em uma leveza típica da bossa nova, criando brechas delicadamente preenchidas pelos parceiros de estúdio Lux Ferreira (sintetizadores) e Leandro Bronze (bateria).

Entre devaneios (“Às vezes vivo a sonhar / às três da tarde / nada me parece real”) e letras sempre contemplativas (“Para alcançar o sonho / Basta uma noite e um luar”), lentamente, o registro de estreia da Bilhão detalha um conjunto de regras e melodias próprias. A trilha sonora perfeita para um fim de tarde à beira mar e, ao mesmo tempo, um caminho seguro para quem deseja escapar do caos diário que sufoca qualquer centro urbano.

 

Bilhão (2016, Balaclava Records)

Nota: 8.5
Para quem gosta de: Mahmundi, Terno Rei e Silva
Ouça: Três da Tarde, Atlântico Lunar e Horizontalidade

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.