Disco: “Black Rainbows”, Brett Anderson

/ Por: Cleber Facchi 31/08/2011

Brett Anderson
British/Singer-Songwriter/Indie
http://www.brettanderson.co.uk/

 

Por: Fernanda Blammer

Os fãs do Suede não tem do que reclamar ultimamente. Depois de a banda inglesa se agrupar novamente em meados de 2010, se apresentar em uma série de shows e relançar sua elogiada discografia ao longo dos últimos meses – presenteando seu público com seus registros totalmente remasterizados -, agora o grupo londrino reserva para os próximos meses o lançamento de um novo disco, o primeiro desde que o fraquíssimo A New Morning (seu último disco de inéditas) foi lançado em setembro de 2002, poucos meses antes da banda anunciar o fim de suas atividades em idos de 2003.

Entretanto, antes de tão aguardado retorno, Brett Anderson, vocalista e principal letrista do grupo inglês conta com um pequeno exercício individual: divulgar seu mais recente disco em carreira solo, Black Rainbows (2011, EMI). Vindo de uma sequência de três lançamentos ininterruptos – Brett Anderson (2007), Wilderness (2008) e Slow Attack (2009) -, em seu quarto e mais recente trabalho Anderson parece finalmente ter encontrado a medida de som exata, capaz de se aproximar tanto dos memoráveis registros ao lado de sua veterana banda, como de possibilitar ao músico certa dose de novidade e distinção.

Como o próprio título e a capa do registro já anunciam, o mais novo álbum do cantor e compositor britânico está longe de se manifestar como um disco festivo ou que traga qualquer mínimo detalhamento ensolarado em seu conteúdo. Do começo ao término do disco, Anderson nos encaminha em seu universo próprio de lamentos, destilando composições que tratam desde reflexões existencialistas (Thin Men Dancing) até faixas que observam de forma dura o panorama e as pessoas ao seu redor (Actors).

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Embora capaz de manter uma constante unidade em seus versos e no aspecto climático do álbum, instrumentalmente o disco se divide em duas etapas. A primeira delas se concentra no explorar de composições em que as guitarras (principalmente) e todos os outros elementos das canções parecem fluir de forma mais sofisticada e ampla, trazendo ao registro um aspecto muito mais atmosférico, com o músico bebendo intensamente do pós-punk dos anos 80, porém proporcionando um acabamento muito mais cuidadoso. Faixas como Unsung e Brittle Heart, situadas na abertura do álbum traduzem bem isso, revelando o memento mais comercial do projeto e que quase remetem ao Coldplay do disco X&Y.

A segunda e melhor “etapa” do disco se encontra em faixas como This Must Be Where It Ends, Actors e The Exiles, composições posicionadas a partir do meio do álbum e que investem ativamente no uso de uma instrumentação mais seca, calcada no uso das guitarras e se organizando de forma mais direta. Embora ainda próximas dos sons moldados ao longo dos anos 80 – The Smiths ecoam em diversos momentos -, boa parte destas composições parecem se voltar ao que foi projetado por grupos como Interpol na primeira metade da década passada, correspondendo ao que o músico havia anunciado em entrevistas anteriores, em que definia o disco como “agitado, barulhento e dinâmico”.

Assim como em seus anteriores trabalhos em carreira solo, Anderson investe em momentos excelentes dentro dos discos e outros de extremo fracasso, algo que parece melhor controlado dentro de Black Rainbows, mas que ainda não agrada em sua totalidade. Se o disco seguisse fazendo uso das mesmas experiências musicais da sua segunda metade obviamente teríamos um álbum incontestavelmente satisfatório, resultado que o britânico busca, mas não alcança. Resta torcer para que ao lado dos parceiros do Suede Brett possa finalmente obter seus melhores resultados.

 

Black Rainbows (2011, EMI)

 

Nota: 7.3
Para quem gosta de: Suede, The Tears e
Ouça: Actors

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.