Disco: “Blue Songs”, Hercules and Love Affair

/ Por: Cleber Facchi 28/01/2011

Hercules and Love Affair
Electronic/Disco/Synthpop
http://www.myspace.com/herculesandloveaffair

Batidas abafadas, sintetizadores e efeitos eletrônicos, chegam os vocais, o ritmo vai crescendo, novos efeitos ao fundo, entram os violinos, a levada disco anos 70, mais violinos, teclados new wave, o ritmo cresce, os vocais ganham eco, sofisticação, luxo e glamour: bem vindos ao segundo disco do Hercules and Love Affair.

Todas essas definições parecem clichê para você? E são clichês, afinal, Andy Butler, o homem no comando do H&LA nada mais é do que um especialista em transformar os chavões e elementos batidos de várias décadas em algo que aparenta ser novo. A disco music da década de 1970, o lado neon chiclete dos anos 80 e música Techno/House que acompanhou os anos 90 estão presentes em cada uma das composições do novo álbum Blue Songs (2011), que além de tudo ganha duas casas novas. A primeira está na troca do DFA pelo selo Moshi Moshi, a segunda vem com a escolha de Butler em gravar todo o disco em Denver, sua cidade natal, ao contrário da Nova York do primeiro álbum.

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Contudo essas pequenas alterações em nenhum momento afetam a qualidade e as composições da banda. São apenas questões técnicas, já que todas as nuances e inclusões sonoras que deram vida ao debut do grupo em 2009 estão aqui. Há, entretanto uma clara percepção de que o novo álbum soa um pouco mais lento do que a estreia do H&LA. Esse ritmo discretamente mais brando abre a possibilidade de Butler se aprofundar muito mais na construção de cada camada de som nas canções. Quem quiser pode até interpretar isso como um amadurecimento do grupo, que deixa de lado as composições dançantes da estreia e se volta para o desenvolvimento de músicas mais climáticas.

Porém se você está em busca de um novo arrasa quarteirões aos moldes da faixa Blind, não se desespere. O lado voltado às pistas de dança ainda se faz presente em Blue Songs. A primeira composição do gênero é My House, que é também o primeiro single do álbum. A faixa parece ter viajado no tempo direto das pistas de dança dos anos 90 até os dias de hoje. Falling é outra que deve animar boa parte das festas durante o resto do ano. Acompanhada por um simpático arranjo de sopro, pianos e boas doses de sintetizadores a fixa se mostra intensa do começo ao fim. Embora mais experimental I Can’t Wait também vem pronta para dançar.

Para Blue Songs Andy Butler, Kim Ann Foxman e Mark Pistel (principais integrantes do H&LA) não se limitaram a convidar apenas Antony Hegarty (líder do Antony & The Johnsons) para integrar as composições. A venezuelana Aerea Negrot vem para ocupar os vocais na faixa de abertura Pinted Eyes e em My House, enquanto Kele Okereke (Bloc Party) surge para comandar Step Up. Ao contrário do resultado encontrado na estreia do músico no disco The Boxer (2010), Okereke parece bem confortável despejando seus vocais na canção que mostra o lado mais eletrônico da banda.

Da faixa que dá nome ao álbum vem a faceta comportada do grupo. A delicada composição vem tomada pelo primoroso uso de clarinetes, inclusão de samplers com sons da natureza, além de diversos elementos percussivos que vão aos poucos montando a sofisticada e quase jazzística canção.

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Visitor demonstra o outro lado do Hercules and Love Affair. A faixa parece uma mistura de Pet Shop Boys, com a eurodance de grupos como La Bouche. Além de receber toques da música Techno, a composição segue com versos declamados que são usados em seu decorrer como uma clara influência do The B-52’s. O encerramento com It’s Alright mostra o H&LA de uma maneira nunca antes vista através de uma balada eletrônica que esbanja melancolia.

Embora Blue Songs não consiga superar a qualidade e as composições da estreia do grupo em 2009, o trabalho não decepciona. É claro o interesse de Andy Butler em se aprofundar por novos ritmos e temáticas diferentes durante o desenvolver do álbum, o que ao menos o livra de criar um disco repetitivo e indisposto de novidades. O segundo álbum do H&LA surge como uma espécie de exercício de criação em que a nostalgia de Butler pelos ritmos que marcaram sua adolescência prevalece. É bom, mas depois de um trabalho como o da estreia poderia ser melhor.

Blue Songs (2011)

Nota: 7.5
Para quem gosta de: Anthony and The Johnsons, Cut Copy e Hot Chip
Ouça: Falling

Por: Cleber Facchi

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.