Lana Del Rey
Pop/Female Vocalists/Alternative
http://www.lanadelrey.com/
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Por: Cleber Facchi
Há tempos a indústria da música não fabricava um ícone de maneira tão descarada e, consequentemente, falha quanto Lan Del Rey. Do rostinho sem expressão aos vocais protegidos por doses imoderadas de Auto-Tune, tudo no trabalho da norte-americana ecoa de maneira falaciosa e vergonhosamente irreal. Até o nome da cantora – um misto de atriz Lana Turner e do clássico Ford sedan Del Rey – não é verdadeiro. Entretanto, talvez por enquanto fosse difícil perceber a estrutura estabelecida ao redor de Lana, que através dos singles Video Games e Blue Jeans cresceu ampla e misteriosamente ao longo de todo o ano de 2011, apenas nos preparando para a chegada do aguardado Born To Die, “primeiro” trabalho da jovem e disco em que finalmente somos apresentados de maneira nada discreta à farsa dela – e de quem mais estiver em seu entorno.
Não há qualquer problema na maneira como a artista é matematicamente construída, afinal, ao longo de décadas de produção musical não são poucos os artistas de sucesso que cresceram por conta disso. Os próprios Beatles tiveram os primeiros discos intensamente controlados pela gravadora, isso sem mencionar no cardápio de vozes femininas – indo de Madonna à Britney Spears – que quase diariamente se revelam protegidas por incontáveis recursos, sejam eles musicais ou financeiros. Lana, porém, parece estar exageradamente acima disso. Um rostinho bonito pré-fabricado que vem contando com o apoio ativo de sua gravadora, ou você vai dizer que em 2010 parou para ouvir o primeiro álbum da cantora, um registro tão banal que foi sumariamente descartado.
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O problema de Del Rey, entretanto, está além das artificialidades que a cercam, mas sim no vasto número de caminhos que a artista tenta percorrer ao longo do disco. Nem Lana, nem os executivos que a cercam parecem saber para onde a cantora vai. Ao longo do registro é possível observar uma boneca fragmentada em diversas personagens, ora soando uma cópia intragável de Beyoncé (Born To Die e Diet Mtn Dew), ora parecendo uma Robyn menos criativa (Off to the Races) ou ainda sugando o pop orquestral de Florence Welch (Summertime Sadness). Nada no interior do disco pertence a ela, tudo é arquitetado de maneira que apenas a voz (robótica) de Lana é acrescentada no desenrolar da faixa, tornando o álbum um projeto desnorteado.
A forma arrastada e pouco inventiva do disco vai lentamente tornando o álbum um registro sonolento e cansativo, sendo que passados os vislumbres mais “enérgicos” do disco (ao final da faixa National Anthem), o trabalho parece simplesmente morrer, revelando uma sessão de músicas comprometedoramente próximas e irrelevantes. Talvez até exista uma Lana Del Rey ao fundo deste álbum, entretanto, os artifícios que a envolvem são tantos que é simplesmente impossível perceber qualquer fundo de realidade. Del Rey não apenas nasceu, como está pronta para morrer desde já.
Nota: 5.0
Ouça: Video Games
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Por: Gabriel Picanço
Bastou o video do primeiro single, Video Games, ser postado no youtube e ganhar espaço em praticamente todos os blogs para Lana del Ray conquistar milhares de lovers e haters em tempo recorde. Assim surgiu mais uma diva da música pop dos anos 2010, na internet. Além da qualidade e originalidade da música, o video com a garotinha linda que canta fazendo biquinho chama a atenção por misturar elementos que aparentemente não combinam: Cinema clássico, Elvis Presley, country music, skate, beatnik, grunge, hip hop e maconha. Mais milhares de referências nas letras e nos videos que vieram a seguir.
Também surgiram diversos assuntos que iam além da sua produção: há quem diga que Lana não é “de verdade”, e sim uma invenção de produtores musicais gordos e feios bancada pelo pai milionário. Ainda não ficou claro se a teoria conspiratória é verdade ou se tal polêmica é somente mais um exemplo da dificuldade em atribuir talento a uma pessoa bonita. De qualquer maneira, a sua estréia (que não é bem estréia, já que um álbum foi lançado em 2010 quando ela ainda usava o nome de batismo, Lizzy Grant) virou unanimidade como o disco mais aguardado de 2012.
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Born to Die com certeza vai potencializar o fenômeno Lana Del Ray com faixas que carregam muita personalidade e elementos que já viraram marcas da artista, como as batidas de hip-hop combinadas com arranjos de cordas e samples vocais ao fundo. Apesar da repetição desses ingredientes e das temáticas das letras, o disco é correto do inicio ao fim, sem entediar. Born to die prova que Lana tem facilidade para fazer música, tanto que, literalmente, sobram faixa boas. Without You e principalmente a ótima Lokita “ficaram de fora” da tracklist oficial, sendo lançadas somente como bônus.
A voz arrastada, extremamente sexy e agradável, principalmente nas faixas mais lentas e enfumaçadas como Video Games, Carmem e na balada jazzística Million Dollar Man é a principal qualidade não-visual da moça e compensa as letras fracas que escreve. Dark Paradise e Diet Mtn Dew, mais radiofônicas e prováveis hits, são músicas que se diferenciam de canções de artistas como Britney Spears somente pelo tipo de produção. Mas, como já é possível atestar pela grande quantidade de remixes das músicas já lançadas, as faixas de Born To Die não se esgotam nela mesmas, são moldadas com facilidade e certamente vão tocar em todos os tipos de pista em 2012.
Nota: 8.0
Ouça: Blue Jeans
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Por: Juliana Pinto
Um dos discos mais aguardados para a primeira metade de 2012, quem sabe até mesmo do ano inteiro, Born To Die já criava expectativas antes mesmo de ter nome definido ou data de lançamento marcada. Tudo isso por causa do barulho que a nova-iorquina Elizabeth Grant (Lana Del Rey) fez com o single Video Games e o dramático vídeo da faixa que nomeou seu primeiro registro produzido por uma grande gravadora. Fazer parte do hall dos grandes artistas pop num cenário complicado como o atual requer alguns sacrifícios e, principalmente, muita publicidade. O carisma e a beleza da cantora de voz marcante certamente foram ingredientes necessários para que Lana estourasse no mundo virtual e viesse assim a se tornar a musa do hype em 2012, título esse que veio de maneira prematura. Agora que temos em mãos o tão esperado álbum, isso só fica mais evidente.
Born To Die tem como missão principal soar urgente e teatral, e embora ele cumpra essa promessa inicial nas faixas que foram previamente lançadas (Video Games e Blue Jeans, além da faixa título), quando esses elementos são misturados em um contexto, o disco parece cansativo. São 12 faixas (15 na edição de especial) que exigem muito do ouvinte e que por isso, podem desviar sua atenção ou até mesmo te fazer perder o interesse no conteúdo do álbum.
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As letras incrivelmente dramáticas são outro ponto que talvez não agrade os mais exigentes, são rasas e, em alguns momentos, semelhantes. Melancolia acaba se tornando o tema principal do disco que oscila entre o amor e as dores que o acompanham.
Claro que o glamour ao redor da cantora continua presente, a maioria das canções mantém um ar grandioso e alguns momentos chegam a soar apoteóticos, mas Born To Die ainda não parece ser o trabalho distinto e complexo que Del Rey prometeu com a prévia que nós tivemos do disco. As faixas funcionam muito bem como single, mas quando colocadas em uma ordem, podem soar desconexas e vagas. Del Rey conseguiu se tornar uma hitmaker, ainda que esteja só começando a mostrar sua personalidade musical, que não parece definida.
Mesmo que Born To Die não tenha sido um surpreendente registro do pop, Del Rey conseguiu se impor dentro do cenário com melodias orquestradas, uma produção digna de estrela e uma grande estratégia de marketing. Nada como soar um pouco diferente quando todo o resto parece ser igual.
Nota: 6.0
Ouça: Blue Jeans
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Born To Die (2012, Interscope/Stranger)
Média: 6.3
Para quem gosta de: Florence + the Machine, Robyn e Nicola Roberts
Dá pra perceber desde à primeira olhada no clipe de BTD(Título de album mais pedante não existe), que é uma artista feita para alcançar tudo aquilo que o pop atual não alcança, fazendo um mesclo de tudo que já fez sucesso, mas apostando numa vibe mais dark, e tudo muito bem produzido, que é o mais estranho pra uma cantora que vem com a proposta que ela veio, de ser diferente, algo underground… Não tiro o talento dela e o ótimo trabalho no album comercial que é o BTD(Backtoblack2?), mas é perceptível que há todo o trabalho de marketing, que aliás, funcionou, pq quando eu vim ter vontade de a conhecer, o mundo já falava dela como algo de outro mundo. Talvez, num próximo album quem sabe? OU mesmo nesse, sei lá. Vamos ver. Por enquanto nela eu só vejo as letras do Evanescence com uma batida R&B levemente por trás, cantada por uma Adele com a beleza da Brigitte Bardot, arranjos da Florence nos clipes da Gaga, com o “enredo” de We Found Love.
Eu gosto dos hits. Não curto muito a pegada hip-hop do álbum. Ela canta bem, mas nos registros ao vivo ela é tão insegura e vacilante. Pelo jeito ela deu o que falar aí (rs). Parabéns pelas resenhas.
pelo menos dá pra curtir uma linha vocal foda em toda faixa.
artificial? sim. auto-tune? foda-se
Props pra quem fez as letras e o ritmo vocal, que são bons, ué.
Eu simplesmente amei o disco. Confesso que ele me fez ficar escutando faixa-a-faixa e repetindo diversas vezes.
Pode ser por gostar da melancolia inserida na música dela, pode ser por seu um consumidor não tão exigente. Mas confesso que adorei o disco e acho que é sucesso na certa.
Um abraço!
Voz robótica? Alguns dos leigos que fizeram as resenhas já ouviram algum live da cantora? Sem ser o SLN, que tudo bem, foi horrível. Mas vejam os vídeos na pequena turnê européia. Sinto tanto preconceito nela, ela virou uma boneca inflável só por que aplicou botox nos lábios? Sinceramente, mas cansativo que algumas músicas do cd, é a resenha de Cleber Facchi.
Ela ainda vai dar muito o que falar nesse ano, mesmo com esse álbum ruim para alguns…Isso é fato!
Acho que a unica coisa sensata nesse disco foi o título, que ao meu ver espelha a carreira dela como artista. Nasceu com “Video Games”, e morreu após o término do disco. Até o Lulu eu consegui escutar de novo, mas esse, felizmente eu não tive a ousadia.
Quando vc é pago (ou apenas quer aparecer) para falar besteira de uma pessoa apenas por ela ser linda, milionária e talentosa, por mais que se esforce e escreva bem, em alguns momentos simplesmente não dá para esconder a real admiração, por mais que tente soar irônico!
O que não é um artista senão um fingidor? Até o Fernando Pessoa já disse coisa do tipo, mas longe de mim querer pagar de intelectual. Acho que é um tipo de ame ou odeie, mas condená-la por explorar o marketing, pra mim, é ingênuo. Todos os artistas fazem isso hoje em dia. Dizer que ela não tem talento também é bastante exagerado. Parece que o novo trending é odiar a Lana Del Rey. Resumo: concordo muito mais com o Gabriel.
Acho que a questão é analisar a artista enquanto artista – e, francamente, isso independe dela ser “fabricada” ou não. Acho estranho como a maioria das críticas negativas de Born to Die começam criticando esse aspecto “artificial” da cantora, como se a artificialidade da “persona” incorporada por Lana Del Rey tivesse muito a ver com a qualidade da música… Enfim.
Quanto ao Born to Die: acho que tem muitas faixas boas, e muitas que simplesmente não decolam. A sensação que fica é que Lizzy Grant, em sua pele de “Lana”, ainda está experimentando e descobrindo qual é a dela. Mas isso não signifique que ela sempre erra.
voz..robótica?
Por enquanto, é o meu disco favorito do ano (mas acho que logo perderá o posto para o “Secret Symphony” da Katie Melua. Anyway, eu adoro a sequência Born To Die/Off to the Races/Blue Jeans/Video Games. São 4 canções fantásticas. Depois, o disco apresenta boas músicas, algumas melhores que outras (Million Dollar Man é excelente também, lembra Fiona Apple), mas nada que iguale a potência das 4 músicas iniciais. Parece até que o disco se transforma em outro. Mas ok, nada que estrague o trabalho.
Acho sim, um bom álbum. Lana é uma mistura, uma diva do cinema maconheira que brinca com carros e hip-hop. É meio complicado criticar a artificialidade dela. Pessoalmente, eu acho legal brincar com alcunhas/ter um alter-ego. O álbum soa um pouco experimental, novo ao seu modo.
E, francamente, o que é o pop hoje em dia se não um mix de referências (cópias) e publicidade massiva?
LanaDelRey é uma artista q vc enxerga muitas referências, começando pela imagem dela, desde a história, o som , a orquestra… Não ligo pelo fato dela ter sido pescada e valer mais que os outros nesse meio pelo simples fato do pai ser Rico… Ta vai, ela teve uma ajudinha aqui, algumas ali… Mas essa voz de bonequinha, de menina misturada com mulher, não vejo 1 artista semelhante à isso.. É gostoso de ouvir, e ela pode explorar muito muito mais essa voz…
Quanto à materia, vcs esqueceram de citar que LDN já tinha 1 álbum antes do Born to Die, com o nome Luzzy Grant. To ouvindo nesse momento e olha.. Acho mais original q Born to Die, é 1 álbum mais dela, menos industrial. Amei conhecer esse site, música me interessa muito e até pretendo estudar , depois de Moda, é claro rs.
Resumindo…musica é imprescindivel na minha vida….curto e estudo desde glenn miller, chuck berry, beatles, até kraftwerk e os dias atuais com coldplay Mylo Xyloto…e o que vejo sim é muito preconceito por ela ser “rica”,”linda”…e outras coisas que definitivamente são detalhes ridiculos..Foi produzida e tem marketing? Sim…e qual artista hoje não tem? Mais defeitos e incognitas que amy winehouse tinha…e por acaso diminuia seu talento? Sua qualidade musical? Obvio que não… Pois bem…
Ela tem uma voz maravilhosa….mesclando uma afinação maravilhosa com tom maduro e ao mesmo tempo adolescente…Um album muito bom e bem trabalhado…se tem marketing ou outras “coisas” isso faz parte do show business..(Não somos ingenuos)..
Quem diz que ela é ruim ou o album não é bom deve se respeitar a opinião..porem devem ser as mesmas pessoas que afirmam que coldplay é copia de U2…uma das teorias mais idiotas que ja ouvi no ramo musical nos ultimos anos..rsrs Só rindo mesmo …
Abraços a todos….
é séria essa resenha do Gabriel Picanço?
Eu trabalho com a voz e posso assegurar que ha trabalho de edição de áudio na voz de Lana, mas Auto-tune não mesmo…
Primeira vez que vejo mais de uma resenha destinada a um mesmo disco…Sim,a produção é exagerada e podia ser bem melhor.Não,ela não deixa de ser talentosa por causa disso e especulações com respeito ao rosto dela ou o estilo musical que ela segue agora.
Te incomoda o trabalho de outros artistas? http://images7.memedroid.com/images/UPLOADED152/55575d24bd176.jpeg