Disco: “Both Ways Open Jaws”, The Dø

/ Por: Cleber Facchi 10/03/2011

The Dø
Indie Pop/French/Female Vocalists
http://www.myspace.com/thedoband

Quem conhece o trabalho da dupla francesa The Dø sabe que pode sempre esperar boas canções, todas embaladas de maneira cuidadosa e repletas de sofisticação. Both Ways Open Jaws (2011) novo disco do casal francês Dan Levy e Olivia Bouyssou Merilahti é justamente isso, um registro envolvente de pérolas da música pop tocadas por inclusões que vão da música folk à eletrônica, passando por arranjos orquestrados típicos do indie pop. Fuja dos dias corridos e se perca na sonoridade dessa dupla.

A voz charmosa de Merilahti que tanto contribuiu para o bom desenvolvimento de A Mouthful (2008), o trabalho de estreia do duo francês, volta de maneira muito mais envolvente com esse segundo disco. Diferente do debute, há uma maior concisão dos sons, como se as treze faixas que compõem o novo álbum fossem amarradas de maneira cuidadosa por meio dos arranjos delicados em sua maioria criados por Levy. Ao mesmo tempo em que as canções chegam de maneira suave aos nossos ouvidos é perceptível o amadurecimento do casal nesses dois anos entre um disco e outro.

Enquanto na estreia a dupla traçava um caminho que passava por baladas chorosas e um som mais compacto e até convencional (sem nunca perder a ternura), com o novo álbum é visível a predisposição de Levy e Merilahti por arriscar novas tonalidades, texturas e até algumas doses mais experimentais. Em alguns momentos do disco, talvez pelos vocais, talvez até pelo uso de harpas a sonoridade lembra uma espécie de Joanna Newsom menos hermética e pop. Leo Leo mostra com propriedade isso, sendo inclusive uma das canções mais belas do álbum.

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=9bBkEQYdMM8]

Outro elemento que se destaca e cresce ao longo do disco é a percussão. Seja de maneira compenetrada ou de forma mais explosiva e dançante, como Slippery Slope. Nessa faixa a forma aberta como a percussão é aplicada movimenta um tipo de som que remete aos trabalhos da conterrânea Yelle ou mesmo da britânica M.I.A. The Calendar com suas batidas quase assíncronas em composição com os vocais e a sonoridade orquestrada crescente acaba por proporcionar um momento estranho e ainda assim encantador dentro de Both Ways Open Jaws.

Claro que quem estiver buscando momentos mais contemplativos e de instrumentação reclusa terá com esse álbum alguns momentos interessantes. Was It a Dream trata tudo com certo toque minimalista, abrindo espaço para que a voz encantadora de Olivia (com seus timbres que em alguns momentos remete às irmãs Sierra e Bianca Casady, do Cocorosie) possa brilhar destacadamente. Já ao término do LP, Moon Mermaids com seus grilos e sons melancólicos nos embarcam de vez dentro da faceta mais ponderada da dupla, com a vocalista mais uma vez mostrando toda a beleza de sua voz.

Se em A Mouthful grande parte do trabalho acabou focando no sucesso da chorosa On My Shoulders, com o novo disco há um perceptível aumento no número de singles, ou pelo menos uma não centralização do trabalho em uma única faixa. A quantidade de composições bem resolvidas está presente tanto nas primeiras como nas últimas canções do disco. Embora o lançamento de Both Ways Open Jaws só aconteça de fato agora, o disco já circula há um bom tempo via rede, o que contribuiu para que fossemos agraciados mais cedo por essa pequena obra.

Both Ways Open Jaws (2011)

Nota: 7.7
para quem gosta de: Lykke Li, Cocorosie e Those Dancing Days
Ouça: Leo Leo

[soundcloud width=”100%” height=”81″ params=”” url=”http://api.soundcloud.com/tracks/11597625″]

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.