Disco: “Bread And Circuses”, The View

/ Por: Cleber Facchi 11/03/2011

The View
Scottish/Indie Rock/Alternative
http://www.myspace.com/dryburgh

Por: Fernanda Blammer

Houve um tempo em que bandas como The Fratellis, The Enemy, The Pidgeon Detectives e outros artistas do cenário britânico pareciam de fato a salvação do rock. Hoje, passados os anos de adolescência e uma real visão de como a música e as outras coisas funcionam deu para perceber que ninguém ali salvou coisa nenhum, apenas diversão. Sem querer salvar nada e lançando um trabalho com foco em sons descompromissados o quarteto escocês The View entrega seu terceiro disco de estúdio e se você for livre preconceito ou em busca de algum messias do rock pode até se divertir com eles.

Depois de uma ótima estreia com Hats Off to the Buskers em 2007 e um disco bem fraco em 2009, o vergonhoso Which Bitch? (não precisava de Paolo Nutini, certo?) a banda volta cheia de energia em Bread and Circus (2011), que como o próprio nome diz traz toda uma aura de entretenimento expressa como no velho sistema romano. Nada de músicas para ficar pensando ou ficar relacionando com algum momento triste de nossas vidas, apenas o mais puro divertimento.

Trazendo o mesmo tipo de som do primeiro álbum, embora de maneira bem menos “punk” e explosiva, Kyle Falconer, Kieren Webster, Pete Reilly e Steven Morrison nos encaminham para momentos dançantes, faixas entristecidas e diversos bons momentos, todos livres de comprometimento. Quem for se aventurar pelas treze faixas da banda de Dundee buscando pelo mesmo tipo de som de grupos intelectualizados como Arcade Fire ou qualquer tipo de artista similar estará cometendo um erro. Não, o álbum não é um clássico e nem pretende ser. Se existem filmes feitos para assistir e “não pensar”, o terceiro álbum do The View é exatamente isso.

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Partindo do ponto de vista de que o álbum é um singelo registro de música pop, o quarteto consegue claramente ficar bem acima da média. As boas guitarras e os vocais melódicos de Kyle Falconer (que ano passado participou das gravações de Record Collection do produtor britânico Mark Ronson) ocupam todas as lacunas do disco, sendo responsável tanto pelos momentos melancólicos do trabalho como a bela e chorosa Girl, como pelas guitarradas energéticas de Underneath The Lights.

Falando em Underneath… que bela composição, disparada uma das melhores do disco. A forma descompromissada, as guitarras com aquele jeitão de britpop e um clima que vai crescendo em meio a solos dançantes e alegres apenas mostram o quanto a banda sabe ser realmente boa, mesmo que isso dure poucos minutos. Outros grandes achados vão se escondendo ao longo do álbum, como Beautiful e Happy, ambas evidenciando os raros momentos realmente inspirados do grupo.

É bem improvável que o grupo consiga algum dia elaborar um trabalho tão surpreendente a ponto de ultrapassar seu limite como banda pop. A temática de “brincadeira” da banda pode até agradar por enquanto, mas deve arremessá-los muito em breve para dentro de composições redundantes e já nem tão agradáveis assim. O jeito é aproveitar enquanto a banda ainda diverte, nem que seja nesses 50 minutos de puro pão e circo.

 

Bread And Circuses (2011)

 

Nota: 6.0
Para quem gosta de: The Fratellis, The Enemy e The Pidgeon Detectives
Ouça: Underneath The Lights

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.