Disco: “Brilliant! Tragic!”, Art Brut

/ Por: Cleber Facchi 24/03/2011

Art Brut
Indie Rock/Alternative/Rock
http://www.myspace.com/artbrut

Por: Cleber Facchi

Concordem ou não, mas o Art Brut é ao lado de grupos como Franz Ferdinand, Phoenix e Arctic Monkeys, um dos responsáveis por tornar o rock dos anos 2000 muito mais divertido e menos cerebral. Na ativa desde 2003 e donos de três registros recheados por faixas viciantes, rifes poderosos, batidas contagiantes e letras engraçadinhas, a banda que divide sua casa entre a Alemanha e a Inglaterra retorna com mais um belo registro, repleto do mesmo brilhantismo de outrora e ainda mais pesado que seus antecessores.

Fazendo jus a frase “Em time que está ganhando não se mexe”, o quinteto traz de volta o eterno Pixies Frank Black para a produção do novo Brilliant! Tragic! (2011). O músico que havia trabalhado com a banda em Art Brut vs. Satan (2009) – disco que trouxe de volta a mesma energização do excelente trabalho de estreia do grupo – mostra o quanto sua presença pode pesar em um trabalho, trazendo uma série de elementos que fizeram ele e sua banda original serem conhecidos. Por todos os cantos o novo som do Art Brut aponta referências de discos como Surfer Rosa (1988) e Doolittle (1989), dando um maior complemento à sonoridade do grupo.

Desde a linha de baixo fomentada por Freddy Feedback em cada uma das dez faixas do registro, passando pelos vocais meio declamados, meio gritados de Eddie Argos, até as guitarras que seguem uma forma ponderada e inesperadamente crescem ao refrão. Entretanto, dar ao álbum um status de cópia é um erro sem igual. Mesmo assumindo algumas influências propostas por Black e sua discografia, a banda ainda é ela mesma e sabe disso como ninguém.

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Se antes o Art Brut tomava goles vigorosos do punk e do post-punk britânico em seus dois primeiros discos, fica perceptível o quanto a sonoridade do rock norte-americano se faz presente nesse novo trabalho. Seja pelo produtor ou por ter sido gravado em solo americano (o disco foi gravado em Salem, Oregon), o fato é que esse quarto álbum parece novo e diferente. Anteriormente o som parecia bem mais polido e ajeitado, diferente de agora, em que a banda solta massas de sons por todo o trabalho.

Sem dúvidas um dos grandes destaques dentro desse recente registro são as guitarras de Ian Catskilkin e a bateria de Mikey Breyer. Enquanto o primeiro fica responsável tanto pelos solos cuidadosos como as espessas camadas de distorção ao longo do disco, o segundo dita o ritmo de maneira pontual. Um bom exemplo da bela união entre os dois elementos está evidenciado através de faixas como Lost Weekend e Is Dog Eared (essa com o baixo de Freddy Feedback acompanhando tudo de maneira surpreendente).

Acima de qualquer coisa Brilliant! Tragic! É um disco que sabe como envolver o ouvinte de primeira à última faixa. As canções sempre pegajosas – destaque para a divertida Axl Rose, falando sobre… Axl Rose, por quem o vocalista Eddie Argos é fã incondicional – e a instrumentação ainda mais apurada mostra o tão aguardado amadurecimento do grupo (embora isso tivesse início ainda no trabalho anterior), resta saber se num futuro próximo, livres da batuta de Frank Black a banda vai ter o mesmo potencial.

Brilliant! Tragic! (2011)

Nota: 7.0
Para quem gosta de: Pixies (!), Franz Ferdinand e The Rakes
Ouça: Axl Rose

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.