Disco: “Broke With Expensive Taste”, Azealia Banks

/ Por: Cleber Facchi 12/11/2014

Azelia Banks
Hip-Hop/Rap/Electronic
http://www.azealiabanks.com/

Por: Cleber Facchi

As batidas, versos rápidos e ritmo crescente de 212 servem como um aviso: Azealia Banks é uma artista movida pela pressa. Em um intervalo de poucos meses desde a estreia com o primeiro single oficial, a rapper nova-iorquina despejou um bem sucedido EP – 1991 (2012) -, quase 20 composições inéditas dentro da mixtape Fantasea e toda uma avalanche de músicas avulsas, parcerias e remixes em diferentes plataformas da web. O motivo para tamanha euforia? Preparar o terreno e deixar o público aquecido antes do debut Broke With Expensive Taste.

Mesmo a ânsia de Banks e explícito desejo do público seriam insuficientes para atender às exigências do selo Interscope, antiga casa da rapper. Insatisfeita com o resultado do trabalho, a gravadora fez com que o disco inicialmente previsto para setembro de 2012 fosse constantemente alterado em estúdio, tendo a data de lançamento adiada por diversas vezes. Enfurecida, no Twitter a artista não economizou nos ataques ao selo, implorando publicamente para que fosse demitida ou contratada pela concorrente Sony. O resultado não poderia ser outro: a rapper acabou demitida da Interscope.

Naturalmente apressada, Banks resolveu não esperar até janeiro de 2015 – prazo divulgado pela nova distribuidora, a Prospect Park -, antecipando sem aviso prévio (e sob o próprio selo) a entrega do trabalho para o último dia seis de novembro. Fim da novela, é hora de apreciar na íntegra o catálogo de 16 faixas desenvolvidas pela rapper (além do time vasto de produtores) desde 2011. Todavia, com tamanho atraso e diversas (re)adequações em estúdio, não teria esgotado o “prazo de validade” do registro?

A resposta é clara: não. Broke With Expensive Taste é exatamente o registro de Banks batalhou para lançar em 2012, porém, acabou vetado pela Interscope em razão do caráter “anárquico” de suas composições. Ainda que Chasing Time, Soda e demais faixas do registro sejam capazes de adaptar o trabalho da rapper ao grande público – alvo óbvio da gravadora -, parte expressiva do material esbarra em arranjos, temas e vozes pouco usuais para os padrões comerciais. Observado com atenção, BWET é muito mais uma nova mixtape de Banks do que um homogêneo registro de estúdio em si.

Mesmo previsível em se tratando da série de faixas já conhecidas pelo público – caso de Luxury e Yung Rapunxel -, BWET está longe de parecer uma obra pouco estimulante. Em um exercício coeso, Banks dissolve músicas conhecidas, como o hit 212, ou mesmo canções recentes, caso de Heavy Metal and Reflective, em meio a um acervo de composições inéditas e enérgicas. Como resumido na sequência de abertura – Idle Delilah, Gimme a Chance – e encerramento da obra – Miss Amore -, Banks continua a investir no uso de arranjos típicos da década de 1990, espalhando versos sujos em meio a temas tão próximos do R&B quanto da House Music.

Mais do que uma obra de apresentação, Broke With Expensive Taste serve de espaço aberto ao experimento. Ainda que Banks seja capaz de manifestar a própria identidade musical no decorrer do álbum, faixas como a isolada Nude Beach A-Go-Go – produzida por Ariel Pink -, além de todo o arsenal pop do trabalho reforçam o curioso senso de descoberta da artista. Madura, Banks garante um disco satisfatório ao público fiel, encaixando pequenos indicativos do som que reserva para os próximos lançamentos.

 

Broke With Expensive Taste (2014, Prospect Park)

Nota: 8.0
Para quem gosta de: Angel Haze, Charli XCX e M.I.A.
Ouça: Chasing Time, Luxury e Miss Amore

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.