Disco: “Buffalo”, The Phoenix Foundation

/ Por: Cleber Facchi 28/01/2011

The Phoenix Foundation
New Zeland/Indie/Alternative
http://www.myspace.com/thephoenixfoundationnz

Enquanto boa parte das bandas e artistas neozelandeses que chegam até nós vem mergulhados pela influência marcada da música eletrônica, o sexteto The Phoenix Foundation vem carregado por uma instrumentação moderada e que se caracteriza por uma musicalidade puramente orgânica. Nada de batidas sintéticas aos moldes dos conterrâneos Kids Of 88 ou The Naked and Famous, somente a delicadeza de suas composições preenchem o quarto álbum da carreira do grupo, Buffalo (2011).

Na ativa desde 1997, a banda que já passou por inúmeras formações nos mais de dez anos de existência carrega uma instrumentação constituída por boas doses de guitarras simplistas, mas ainda assim eficazes, além de vocais sempre acompanhados de um pequeno coro e um ritmo bem similar ao apresentado pelo The National em sua discografia. É possível ainda encontrar alguns traços de Wilco, principalmente se comparados ao disco Sky Blue Sky (2007). Tal semelhança vem bem por conta do suave rumo voltado para o Alt. Contry em alguns momentos do álbum, como na faixa Pot.

Únicos membros originais da banda (o nome vem de uma fundação com o mesmo nome e que faz parte do seriado de TV McGyver), Samuel Flynn Scott e Luke Buda, respectivamente vocalista e guitarrista são os principais responsáveis por comandar a direção do álbum. Os solos e efeitos discretos de Buda ao fundo das composições são os elementos que dão intensidade e competência às composições. Buffalo é um disco para ser apreciado pelo ouvinte imerso em confortáveis fones de ouvido, já que muito do que é entregue pela banda vem disponibilizado de maneira quase oculta ao fundo de cada canção.

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Se o The National mergulha de cabeça em composições sérias e melancólicas, o The Phoenix Foundation opta pelo caminho inverso. Não que a banda venha carregada por um som animador, dançante e festivo, pelo contrário, eles são até bem discretos em suas melodias. Entretanto é possível encontrar alguns traços que apontem esse lado enérgico e animadinho da banda, como na ótima Orange and Mango (atentem para os bons efeitos de guitarra de Buda nessa faixa).

Sempre seguidas por teclados quase imperceptíveis as faixas vão criando uma forte sensação de aconchego ao ouvinte. Os sons fluem de maneira bem uniformizada, impedindo qualquer tipo de exagero, algum tipo de instrumentação ou acorde que destoe do fluxo original das faixas. A voz de Samuel Flynn Scott vem de maneira padronizada, inalterável e que fomenta ainda mais essa aura aconchegante das canções.

Um ouvinte mais desatento pode achar que todas as dez canções do disco são simplesmente idênticas. Porém, basta que o trabalho seja ouvido atentamente para que logo sejam percebidas as pequenas nuances que vão dando vida a cada uma das faixas do álbum. São pequenos acordes de teclado em Wonton, o backing vocal discreto ao fundo de Bitte Bitte, os chocalhos, o teclado tocado como xilofone e o solo de guitarra em Flock Of Heart, enfim, uma porção de pequenos sons, texturas e complementos que quando unidos fazem toda a diferença e geram o charme e a elegância de Buffalo.

Buffalo (2011)

Nota: 8.1
Para quem gosta de: The National, Band Of Horses e Wilco
Ouça: Orange and Mango

Por: Cleber Facchi

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.