Disco: “Carrion Crawler/The Dream”, The Oh Sees

/ Por: Cleber Facchi 26/11/2011

The Oh Sees
Garage Rock/Lo-Fi/Psychedelic
http://www.theeohsees.com/

 

Por: Fernanda Blammer

 

Em termos de produtividade 2011 parece ser o ano de ouro para John Dwyer e seus estranhos parceiros do The Oh Sees. Desde 2009 quando o músico californiano lançou nada menos do que três registros que o artista não vivenciava uma fase tão rica. Diferente do que fora proposto em tempos remotos, Dwyer parece finalmente ter encontrado a medida sonora exata para os trabalhos por ele apresentados, trafegando pelo rock lo-fi da década de 1990, o garage rock de épocas ainda mais remotas, além de um fino trato de psicodelia praieira que quase faz dele uma espécie de pai para toda a atual geração de músicos do gênero.

Sucessor do chapado e ainda fresquinho Castlemaniao qual apresentamos em meados de junho, assim que o trabalho foi lançado –, o novo Carrion Crawler/The Dream (2011, In The Red) repete as mesmas sensações musicais que há algum tempo vem definindo o trabalho do músico, projetando um número relevante de composições marcadas por uma lisergia dançante e cômica. Menos extenso (álbum anterior comportava 16 faixas agora o novo disco vale-se apenas de 10), o registro garante pouco mais de 40 minutos de um som precioso, simples, porém verdadeiramente capaz de empolgar os ouvintes.

Diferente do ritmo ensolarado que vem tocando uma sucessão de trabalhos ao longo dos últimos dois anos – como Wavves, Best Coast ou em menor escala Real Estate –, Dwyer e os colegas de banda sempre mantiveram a busca por uma musicalidade menos plástica e consequentemente mais adulta. Dessa forma, o número de hits ou canções pegajosas é obviamente menor, o que de forma alguma impede a reprodução de um som tão bem explorado quanto o que se apresenta em grandes trabalhos que partem do mesmo conceito.

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Mesmo que o registro apresente um conteúdo mais do que relevante de canções orientadas de forma rápida e certeira, é justamente no oposto que mora o grande acerto do álbum e da própria obra do The Oh Sees. Ao explorar faixas como The Dream e Carrion Crawler, ambas com mais de cinco minutos de duração, o grupo alcança o melhor desempenho do trabalho, movimentando uma quantidade satisfatória de guitarradas nada polidas e versos que parecem derreter no desenrolar do disco.

Em The Dream esse explorar de um som alongado acaba por transportar o ouvinte para uma espécie de bad trip musical, com o vocalista se perdendo em repetições constantes capazes de aprisionar o espectador em um looping bizarro, mas ainda assim dançante. A mesma experiência se repete ainda em Robber Barons, em que há uma completa apresentação das predisposições lisérgicas da banda, lentamente transformada em uma espécie de grupo de rock antigo que atravessou as barreiras do tempo e se mantém jovial e coerente com o presente momento.

Espécie de oposto (ou complemento) do anterior trabalho do grupo californiano Carrion Crawler/The Dream ressalta visivelmente um investimento em músicas mais densas (não sérias), enquanto o último álbum rumava para um som mais solto e descompromissado. Independente do trabalho que você venha a escolher, alguns elementos estarão sempre lá, como as drogas, os delírios de John Dwyer e, obviamente, a boa música, mecanismos que caracterizam e definem o trabalho do The Oh Sees.

Carrion Crawler/The Dream (2011, In The Red)

Nota: 7.5
Para quem gosta de: Ty Segall, Dirty Beaches e Black Lips
Ouça: The Dream

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.