Disco: “Castlemania”, Thee Oh Sees

/ Por: Cleber Facchi 18/06/2011

Thee Oh Sees
Lo-Fi/Garage Rock/Psychedelic
http://www.theeohsees.com/

Por: Fernanda Blammer

Apesar das raras menções dentro da imprensa “especializada” e em escala ainda menor em solo brasileiro, desprezar a existência da norte-americana Thee Oh Sees transforma-se em um erro sem limites. Antes que a grande onda de artistas tomados pelos ritmos litorâneos inundassem o cenário musical alternativo, o grupo de São Francisco, Califórnia já construía o mesmo tipo de som que hoje Wavves, Best Coast, Vivian Girls e demais expositores do garage rock contemporâneo exploram em seus trabalhos. Unindo guitarras barulhentas, praia e lisergia, os californianos fazem de seu novo disco mais uma excelente mostra de suas propriedades instrumentais.

Se são poucos os meios de comunicação que tratam sobre o trabalho do grupo encabeçado John Dwyer, poucos não são os divertidos álbuns que a banda vem proporcionando desde 1997, quando passou a atuar nos subúrbios e casas noturnas da cidade de origem. Sempre tomados pelo uso de sons rebuscados, predisposição à psicodelia e vocais abafados, a banda que já deu vida à álbuns como The Master’s Bedroom Is Worth Spending a Night In (2008) e Help (2009), agora concentra toda sua habilidade para construir Castlemania (2011), um álbum tomado pela mesma sonoridade contagiante dos anteriores registros, porém dissolvida em uma carga extra de ruídos e guitarras nada ponderadas.

Não há como contestar que após o lançamento do álbum Help a qualidade nos lançamentos da banda decresceu de forma bem perceptível. Tanto Dog Poison (2009) quanto Warm Slime (2010) parecem com dois lançamentos inundados pela velha tendência do “mais do mesmo”. Falta ritmo às composições, algumas faixas pareciam de forma assombrosa com antigas músicas da banda, além do excessivo aumento na carga de lisergia dos álbuns, com o grupo deixando o aspecto divertido de lado, para proporcionar algo tedioso e deveras inconsistente.

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=z1bHddYhtDw]

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=VVL3mEwBhBI]

Com a chegada de Castlemania os erros (felizmente) chegaram ao fim. Mesmo o grandioso número de 16 faixas (alguns excessos poderiam ser limados) não trazem prejuízo ao eficiente trabalho da banda, que chega projetando uma pequena coleção de faixas rodeadas por rifes excêntricos, sons carregados por uma frequência lo-fi, além do tradicional bom humor do grupo. Tudo que parecia perdido nos últimos meses parece finalmente ter retornado com Dwyer e seus parceiros – Brigid Dawson, Petey Dammit e Mike Shoun – apresentando os motivos de serem uma das bandas de garage rock mais interessantes da última década.

Talvez pela maneira coerente com que a banda desenvolve seu novo disco seja possível dar a ele um aspecto de coletânea. É como se o álbum concentrasse o que há de melhor nas composições da banda, uma coleção das mais interessantes faixas pinçadas ao longo de dez anos. I Need Seed, Corrupted Coffin (a mais distinta e talvez por isso a melhor do álbum), Spider Cider e Whipping Continues são apenas algumas das faixas que trazem ao registro um caráter de precisão que parecia ter se perdido nos últimos álbuns. O típico disco em que é possível ouvi-lo seguidas vezes sem que ele soe cansativo.

Além do agradável concentrado de faixas enérgicas, Castlemania ganha destaque pela exposição de novos tipos de sonoridades em seu decorrer. O uso de sintetizadores que ocupam as faixas  Corrupted Coffin e The Horse Was Lost (essa última com um caráter de música ambiente) permitem que o quarteto californiano explore novas formas de fazer música, mantendo a mesma tendência acelerada e despretensiosa dos anteriores bons registros e optando pela inclusão de alguns sons mais densos e interessantes na mesma medida.

Castlemania (2011)

Nota: 7.9
Para quem gosta de: Ty Segall, Wavves e Smith Westerns
Ouça: Corrupted Coffin

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.