Disco: “Ceremonials”, Florence + The Machine

/ Por: Cleber Facchi 22/10/2011

Florence + The Machine
British/Indie Pop/Female Vocalists
http://florenceandthemachine.net/

Por: Cleber Facchi

Nenhuma artista britânica hoje é tão completa quanto Florence Welch. Desculpem aqueles que idolatram os vocais amargurados da jovem Adele ou mesmo quem se entrega aos doces acordes de Laura Marling, nada que venha da velha Inglaterra consegue superar a tonalidade épica, a beleza sentimental e a estranha energia cativante que se expande em cada composição entoada pela musicista londrina. Protegida por uma armadura conceitual e uma naturalidade de diva pop, Welch faz com que cada uma de suas canções se convertam em clássicos, ou como seu novo álbum aponta, pequenas etapas de um gigantesco cerimonial.

Se os dias de cão acabaram, agora a britânica só quer saber de se libertar e enterrar o passado, pelo menos é o que aponta Shake It Out, primeira composição que realmente nos fez perceber do que se trata Ceremonials (2011, Island), um disco que foca no movimento e na continuidade sentimental e mundana. Se através de Lungs, seu debut de 2009, era visível o quanto Welch sufocava, quase afogada em um oceano de relacionamentos que não deram certo e doses policromáticas de melancolia, aqui temos o oposto, a consagração.

Embora o toque épico e a grandiosidade penetrassem cada uma das 13 faixas construídas em sua estreia, com essa sequência musical Florence surge ainda mais magnânima, quase intocável, permitindo que a intensa dose de misticismo que se derrama sobre suas faixas tragam ao disco um toque de constante exaltação. Tudo é forte, impactante. Dos vocais aos mínimos cruzamentos musicais, cada música parece feita para explodir, como um rock de arena conduzido em arranjos de música clássica, quase uma versão feminina para o Queen da fase A Night at the Opera.

[youtube:http://www.youtube.com/watch?v=WbN0nX61rIs?rol=0]

[youtube:http://www.youtube.com/watch?v=am6rArVPip8?rol=0]

Além da eficaz companhia dos parceiros do The Machine – formada por Robert Ackroyd, Christopher Lloyd Hayden, Isabella Summers, Tom Monger e Mark Saunders -, em seu recente trabalho, Welch encontra forças em um novo parceiro musical: Paul Epworth. Sempre lembrado pela produção de álbuns memoráveis e marcados pela originalidade pop – como Pala do Friendly Fires e Silent Alarm do Bloc Party -, o britânico surge para acrescentar o elemento que faltava ao trabalho Florence.

Todo o emaranhado de arranjos instrumentais calcados na música erudita acabam contando com um acréscimo de música pop volátil e descontraída. É a mesma Florence de dois anos atrás, porém, capaz de dialogar com todas as frentes de ouvintes. Daqueles que anseiam por um registro monumental aos que clamam por um trabalho fácil e marcado de hits. Epworth parece ter libertado a mesma energia que Welch e sua banda transparecem ao vivo para dentro do estúdio, fazendo nascer um álbum entusiasmado, capaz de convencer e motivar o ouvinte em curtos segundos de sua execução.

Mesmo bem estruturado e carregado de boas composições, Ceremonials poderia ser apresentado como um trabalho mais curto (apenas 10 faixas seriam mais do que suficientes), evitando que a extensa duração do álbum possa transformá-lo em um trabalho penoso. Se havia qualquer tipo de medo em relação ao famigerado “segundo disco” de Florence Welch isso já pode ser deixado de lado, afinal, com o substituto de Lungs a musicista revela não ser apenas uma simples promessa da música britânica, mas uma sólida garantia.

Ceremonials (2011, Island)

Nota: 7.0
Para quem gosta de: Lykke Li, Adele e Bat For Lashes
Ouça: Shake It Out

[soundcloud width=”100%” height=”81″ params=”” url=”http://api.soundcloud.com/tracks/23302672″]

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.