Disco: “Circuital”, My Morning Jacket

/ Por: Cleber Facchi 04/05/2011

My Morning Jacket
Alt. Country/Indie/Rock
http://www.myspace.com/mymorningjacket

Por: Fernanda Blammer

Por mais que a expressão “ame ou odeie” se estenda a um bom número de artistas, inegável o quanto ela se apresente dentro dos trabalhos do My Morning Jacket. Mesmo entre os fãs do grupo de Louisville, ou mesmo dentro da imprensa musical há um desentrosamento de informações e gostos, onde aquele disco maravilhoso é atacado cruelmente, e o trabalho menos relevante é enaltecido de forma magistral. Por mais que isso se encontre em outros artistas, nenhum concentra essa mesma dicotomia tão inexata quanto o quinteto do Kentucky, e para acirrar ainda mais as discussões acalentadas, o grupo volta com Circuital (2011), mais um agradável (ou odiado?) trabalho para sua discografia.

Não se engane, O título e a capa futurística, parecendo uma espécie de HAL-9000 esverdeado em nada modificam a sonoridade da banda, que mantém as mesmas raízes calcadas no Alt. Country e na música folk. Embora a banda até brinque com essas questões tecnológicas dentro do trabalho, através de faixas como Outta My System, esse sexto disco parece com algum tipo de auto-posicionamento do quinteto dentro do meio musical, afinal, em mais de dez anos de carreira, como se reinventar em meio a um batalhão de novidades diárias sem perder os aspectos que os tornaram conhecidos?

A resposta para essas colocações vão se revelando no decorrer do álbum, com a banda formada por Jim James, “Two-Tone” Tommy, Patrick Hallahan, Bo Koster e Carl Broemel se mantendo firme em sua postura instrumental, mas abrindo espaço para que as letras absorvam a estética futurística numa espécie de pequeno épico conceitual do My Morning Jacket. Circuital não é apenas mais um trabalho que irá dividir a crítica e os fãs, mas que servirá de caminho para que um novo grupo de ouvintes se cerquem ao redor da banda.

[youtube:http://www.youtube.com/watch?v=QHnaTkcN_mg&?rel=0]

Ao mesmo tempo em que o quinteto norte-americano se entrega de forma mais acessível, como ao “brincar” de Enio Morricone na quase western Victory Dance, o trabalho também vai revelando composições que remetem aos velhos tempos do grupo, como Wonderful (The Way I Feel), que entrega a banda em uma formatação quase bucólica, muito similar aos primeiros lançamentos do grupo, quando estavam conquistando seu status. O álbum também não abandona as guitarras, repletas de solos viajados e acordes contemplativos, como o que é encontrado em Slow Slow Tune e demais faixas do álbum, remetendo ainda aos bons e velhos lançamentos.

Por mais que poeticamente falando a banda se oriente de forma coesa, o que é facilmente um grande acerto do disco, instrumentalmente o mesmo não pode ser dito. Na tentativa de talvez se reinventar e manter suas velhas características, Circuital acaba por entregar algumas ambientações deveras distintas, dando ao álbum um caráter de quase coletânea por conta dessa enorme separação entre as faixas. Há desde musicalidades mais amenas e quase acústicas, até composições repletas de distorção, tudo de maneira sequencial e consequentemente instável. Quem sabe se o álbum rumasse para uma via totalmente futurística, ou totalmente arcaica, talvez o resultado fosse melhor.

Por mais que o novo álbum do MMJ até se apresente como um registro agradável e interessante do ponto de visto escolhido em sua temática, o resultado final não funciona de forma tão competente. Falta a mesma concisão encontrada em discos como Z (2005) e It Still Moves (2003), quando a psicodelia aparecia de forma menos forçada, e as canções de fato pareciam amarradas, talvez essa tentativa em se reinventar fosse melhor se deixada de lado, com o grupo fazendo, mesmo que novamente, aquilo que realmente sabe fazer.

Circuital (2011)

Nota: 7.0
Para quem gosta de: Monsters Of Folk, Dr. Dog e Wilco
Ouça: Victory Dance

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.