Disco: “Color Of The Trap”, Miles Kane

/ Por: Cleber Facchi 07/05/2011

Miles Kane
British/Britpop/Rock
http://www.mileskane.com/

Por: Cleber Facchi

Há exatos vinte anos tinha inicio uma das maiores “batalhas” da história da música, confronto este que perduraria toda a década de 90 através do embate acirrado entre o quarteto do Blur e seus rivais, os irmãos Gallagher do Oasis. Entre arremessos de xícaras de chá, alfinetadas nos tablóides britânicos e duelos no melhor estilo inglês, quem ganhou com isso foram os fãs, e claro, uma geração de ouvintes britânicos que tiveram na empolgante guerra um importante combustível para que futuramente se aventurassem em suas próprias batalhas, mesmo que elas não fossem assim tão sangrentas.

Ainda criança em meio a esse turbulento advento da música britânica, Miles Kane teve nos ensinamentos dos dois combatentes seu maior aprendizado, tanto que Color of The Trap (2011), disco de estreia do jovem inglês é uma verdadeira mostra das mesmas táticas e golpes ensinadas por seus mestres. Ex-integrante do The Rascals, onde ao lado dos amigos Joe Edwards e Greg Mighall lançou em 2008 o fraco Rascalize, Kane faz de seu debut em carreira solo um verdadeiro recomeço, exibindo toda sua habilidade de forma madura e muito mais expressiva do que quando lutava ao lado de sua antiga banda.

Embora assuma o trabalho com total propriedade, a estreia do britânico soa visivelmente parecida com o trabalho explorado ao lado de Alex Turner (Arctic Monkeys) em 2008, através do projeto The Last Shadow Puppets. As melodias, pendendo para um tipo de indie rock sombrio, enaltecendo uma climatização acinzentada são o grande foco do álbum, que tem no casamento entre boas guitarras e a voz de Kane seu grande sustento.

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Lembrando como o encontro entre um Liam Gallagher dos primeiros discos do Oasis com um Alex Turner do álbum Whatever People Say I Am, That’s What I’m Not (2006), a voz de Kane vai costurando as composições do álbum de maneira empolgada, dando formas à faixas como a pop chiclete Quicksand, a soturna Better Left Invisible ou a declarada Take The Night, que incontestavelmente torna-se semelhante às faixas desenvolvidas com Turner, muito por conta da mescla com uma instrumentação acústica. Um verdadeiro conjunto de sonorizações variadas que apresentam a plural faceta do músico.

Como bom discípulo que é do britpop, o músico trouxe ao disco seus mestres, convidando-os a integrar tanto a produção quanto a emprestar seus vocais. O primeiro a figurar é Noel Gallagher, com quem Kane divide os vocais na suave My Fantasy, faixa que facilmente poderia ser encontrada (What’s the Story) Morning Glory? (1995) se fosse acrescida de algumas guitarras. Para a produção do disco, o músico convoca Gruff Rhys (Super Furry Animals), que assume a posição de forma dividida com o produtor Dan the Automator. Mais em casa do que isso impossível.O álbum conta até com a ilustre presença da modelo francesa Clemence Poesy, para dar uma adocicada ao disco, emprestando sua linda voz Happenstance, aumentando ainda mais a climatização elaborada ao longo do álbum.

Observado de forma atenta,  Color of The Trap traz pouca ou praticamente nenhuma inovação, soando como um reaproveitamento de todos os sons construídos ao longo de duas décadas. A falta de inventividade, entretanto é o que faz do disco um trabalho sólido, já que Kane utiliza de todos os elementos de sucesso já testados por seus doutrinadores para obter seu próprio sucesso. Entre fórmulas fáceis e sons agradáveis Miles faz de sua estreia um trabalho básico, porém interessante de ser apreciado.

Color Of The Trap (2011)

Nota: 7.0
Para quem gosta de: Alex Turner, The Last Shadow Puppets e The Rascals
Ouça: Better Left Invisible

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.