ConeCrewDiretoria
Brazilian/Hip-Hop/Rap
http://www.conecrew.com/

Por: Pedro Ferreira

O ano de 2011, certamente, foi e está sendo bastante agitado na discussão acerca das drogas ilícitas: acalorados debates tomaram forma nas ruas e residências e agitaram os três poderes constituídos. E, em especial, o judiciário: após um sem número de liminares proibirem a realização das chamadas Marchas da Maconha, o Supremo Tribunal Federal decidiu, em junho, pela legalidade do evento. Os Excelentíssimos Ministros enxergaram o evento sob a ótica da liberdade de expressão, e não apenas um movimento apologético, como entendia a maioria dos Juízes de primeira instância.

Outro surpreendente fato efervesceu a discussão: Fernando Henrique Cardoso, do alto de suas oito décadas de vida, sendo dez por cento desses anos dedicados à Presidência do Brasil, capitaneou um documentário que discute o relaxamento da proibição das drogas.Quebrando o Tabu, nome da fita, suscitou questionamentos sobre a regulamentação dos narcóticos, mudando as idéias de muita gente.

Mas além da justiça e do cinema, outro setor contagiado pelos debates foi, é claro, a música. Advindos do Rio de Janeiro, o grupo ConeCrewDiretoria se reveste de apologia desde o seu nome – caso você não tenha sacado o trocadilho, o “cone” se refere ao formato do baseado. Formado em 2006, lançaram Ataque Lírico no mesmo ano, e, embasados na reputação de seus MCs nas batalhas do RJ, obtiveram certo sucesso. Esse ano, porém, o frisson atingiu um novo nível: Com os Neurônios Evoluindo alçou o grupo a um status diferenciado.

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Grupo carioca, que faz Hip Hop e que trata em suas rimas do seu amor à erva, defendendo sua legalização. Sentiu um Deja Vu? Pois é, inevitavelmente, a comparação com o Planet Hemp, de D2, Black Alien e BNegão, chegou e se instalou. O curioso fator os levou a ter, até mesmo, uma reportagem acerca do grupo estampada nas páginas d’O Globo, um dos jornais mais tradicionais do Brasil.

Nem só de cannabis trata o disco, entretanto. Algumas faixas tratam da noite carioca, da infância dos integrantes, da consecução do sucesso, dos invejosos e de problemas sociais. O grande trunfo desse trabalho é, sem dúvida, a produção. Samples variados, bem diferentes um do outro – é só observar o uso do clássico Feeling Good de Nina Simone em Me Sinto Bem, e depois o Falador Passa Mal, dos Originais do Samba, em Falo Nada -, e elementos como violinos e pandeiros ao longo das faixas.

Enfim, não importa se você, assim como eu, não fuma maconha: isso não te impede de admirar música de maconheiro. O segredo do grupo é bastante simples: quando você gosta do que faz, acredita no que fala e sabe do está falando, dificilmente o resultado será ruim, seja na música, seja em qualquer outro setor. E eles deixam bem claro o quanto gostam.

Com Os Neurônios Evoluindo (2011, Papatinho Porduções)

Nota: 7.8
Pra quem gosta de: Planet Hemp, Quinto Andar, Shaw
Ouça: Sem a Planta e Fênix

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