Disco: “Come Of Age”, The Vaccines

/ Por: Cleber Facchi 03/08/2012

The Vaccines
British/Indie Rock/Alternative
http://www.thevaccines.co.uk

 

Por: Bruno Leonel

Em 2011, sem grandes expectativas – e talvez com clara noção disso – o então novato grupo de Justin Young mandava logo de cara uma indagação no título de seu álbum de estreia; “O que você espera do ‘The Vaccines?”. De fato quando não se espera muita coisa, pode ser mais fácil surpreender, e apresentando um competente apanhado de canções. Foi o que aconteceu. O então iniciante grupo inglês chamou atenção pelas melodias diretas e pela jovialidade que esbanjava em boas canções como A Lack Of Understanding e If you Wanna. As melodias fáceis e o trabalho habilidoso de Freddie Cowan (irmão de Tom Cowan do The Horrors) receberam bastantes elogios da crítica. Não tardou muito, comparações com bandas como Ramones e Jesus and Mary Chain começaram a aparecer, ainda que isso não desmerecesse o conjunto da obra.

O ano de 2012 chegou, e o tempo é de mudanças e a banda agora mais experiente lança um novo trabalho. Se o título da estreia suscitava curiosidade, o que dizer de um segundo álbum cujo nome Come of Age (2012, Columbia) sugere amadurecimento? É fato, por mais que um primeiro disco seja elogiado, o segundo álbum definitivamente é mais importante (até um tal de Renato Russo já proferia essa lá pelos idos de 90 e poucos). E se na estreia a falta de expectativas pode ser um ponto positivo, ter expectativas e ideias a mais para o próximo passo, pode não colaborar da mesma forma.

Quem assina a produção do atual registro é o produtor Ethan Johns (que já trabalhou com gente como Kings Of Leon e Laura Marling) ele certamente é um dos responsáveis pela doçura extra nas texturas do disco, que aparecem bem menos ruidosas do que antes. Embora o álbum abra com uma avalanche sonora já no topo da montanha (a intro de No Hope) o restante das composições simplesmente não mantém o mesmo clima assertivo. Há bons destaques, como a melódica All in vein que expande o leque sonoro do grupo e a dissonante Aftershave Ocean (forte candidata a melhor música do disco), mas o álbum de forma geral mostra uma faceta da banda nem tão preocupada em repetir a urgência do primeiro trabalho.

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Ainda que tenha seus pontos positivos, Come of Age soa despretensioso e até fraco em alguns vários momentos. Se em faixas do primeiro álbum como Post-break up sex o Vaccines era capaz de retratar situações pueris de forma sensível e até tristemente bela, o mesmo não acontece em diversas faixas novas, como em Teenage icon. Definitivamente é difícil levar a sério uma letra que cita Frankie Avalon e na qual o eu-lírico assume “eu sei, não sou um ícone adolescente”. Em entrevistas o próprio Young afirmou que se sentia “mais corajoso” nesse álbum em relação as letras e, talvez, sobrar coragem tenha sido a grande falha em alguns pontos, vide a letra de  I Wish i was a girl.

Clima arrastado e guitarra pontual aparecem em canções como Weirdo – uma típica balada fúnebre que lembra um pouco o que o Echo and The Bunnymen fazia nos primeiros discos lançados na déecada de 1980 – contraponto total com a faixa seguinte, a agitada Bad Mood que mostra distorções altas e clima de pós-punk. O álbum segue com a ensolarada Change of Heart Pt.2 música de cadencia bem trabalhada, não chega a impressionar mas aumenta o acervo de canções “up-beat” do quarteto e deve funcionar em shows juntamente com outras faixas mais conhecidas como a rapidinha e entusiasmada Nørgaard.

Come of Age passa raspando na prova do segundo álbum, não desaponta, mas a falta de ousadia aliada a aparente falta de vontade em ir além do “mais do mesmo” acabaram tirando do disco aquele brilho que tornaria o trabalho um caso a parte na trajetória do grupo. O álbum deve manter o prestígio que a banda já possui, e em épocas onde cenas e “hypes” se movimentam em um mercado cada vez menos confiável pelo menos por enquanto os Vaccines ainda demonstram que há prazer no jogo, embora vontade e dedicação ainda precisem entrar em campo. Pra um grupo tão novo ainda, realmente é isso o que se poderia esperar deles.

Come Of Age (2012, Columbia)

Nota: 5.2
Para Quem Gosta de: Arctic Monkeys, Tribes e The Libertines
Ouça: No Hope

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.