Disco: “Communion”, Years & Years

/ Por: Cleber Facchi 02/09/2015

Years & Years
Pop/R&B/Electronic
http://yearsandyearsofficial.com/

Adele, Pharrell Williams, Rihanna e Lady Gaga, esses são alguns dos artistas que ocuparam o topo das paradas britânicas nos últimos anos. A principal relação entre eles? Além da vasta experiência, o óbvio interesse pela música pop e a produção de faixas naturalmente comerciais, íntimas do grande público. Com apenas quatro EPs e um único álbum de estúdio, a banda londrina Years & Years está longe de ser encarada como uma veterana, entretanto, o grupo vem acumulando uma sequência de faixas marcadas pela mesmo aspecto radiofônico e posto destacado em diversas listas de mais ouvidas.

O “segredo do sucesso” de Olly Alexander, Mikey Goldsworthy e Emre Türkmen? O uso de melodias descomplicadas, versos entristecidos e uma explícita dose de leveza que orienta o acessível Communion até o último instante. Carly Rae Jepsen com E•MO•TION ou The Weeknd com Beauty Behind the Madness, não importa: poucos registros entregues ao público nos últimos meses parecem montados com o mesmo dinamismo.

Por falar em Jepsen e The Weeknd, curioso perceber no trabalho do trio britânico o mesmo fascínio nostálgico pelo Pop e R&B dos anos 1980/1990. Logo na abertura do disco, a melancólica sequência composta por Foundation e Real. Enquanto a primeira canção, arrastada e sombria, mergulha de cabeça no universo sofredor de nomes como Michael Jackson e TLC, a segunda busca conforto no uso de texturas eletrônicas típicas de Radiohead e parte expressiva da dançante cena inglesa, principalmente o Disclosure.

Partindo dessa “divisão”, o trio parece ter encontrado as ferramentas necessárias para montar todo o restante da obra. Em Shine, por exemplo, batidas e arranjos crescem lentamente, sustentando a bases para um refrão que explode em instantes estratégicos da composição. Em Worship e Ties, coros de vozes, sintetizadores e batidas rápidas se encaixam de forma precisa e sedutora, resgatando uma série de elementos testados anteriormente por Justin Timberlake em FutureSex/LoveSounds (2006).

Com a chegada de King, oitava faixa do disco, a ponte para um mundo de faixas dançantes, orientadas em essência pelo uso de sintetizadores e vozes robóticas. Difícil não lembrar dos primeiros trabalhos de Calvin Harris ou mesmo da eletrônica pegajoso que tomou conta das rádios no final dos anos 1990. A mesma estrutura volta a se repetir em composições como Desire e Gold, faixas que parecem montadas para as apresentações ao vivo do trio.

Misto de coletânea e registro de inéditas, Communion amarra diferentes “fases” do Years & Years sem necessariamente perder a coerência. Composições que resumem a sonoridade assumida pelo grupo nos últimos dois anos e, timidamente, abrem passagem para todo um novo universo de possibilidades. Com tantos atributos, faixas marcantes e um posto destacado não apenas nas principais paradas inglesas, “iniciante” é uma palavra que está longe de ser aplicada ao trabalho do trio britânico.   

Communion (2015, Polydor / Universal / Intescope)

Nota: 7.5
Para quem gosta de: The Weeknd, Passion Pit e Disclosure
Ouça: Real, Take Shelter e Without

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.