Disco: “Content”, Gang Of Four

/ Por: Cleber Facchi 18/01/2011

Gang Of Four
Post-Punk/New Wave/Alternative
http://www.myspace.com/gangoffour

Por: Fernanda Blammer


Vamos para a lista: The Rapture, Chk Chk Chk, The Sunshine Underground, LCD Soundsystem, Klaxons, Bloc Party, Radio 4, Franz Ferdinand – pausa para respirar – Nine Inch Nails, Red Hot Chilli Pepers, R.E.M., Nirvana e mais uma infinidade de bandas menores ou maiores que inquestionavelmente existiriam, porém não teriam o mesmo ritmo e sonoridade se não fosse pela existência e influência do Gang of Four. Com Content (2011) o ressuscitado grupo britânico faz um aceitável retorno e mostra que ainda tem algumas coisas a ensinar para as novas gerações.

Bem observado essa não é a primeira vez que a banda encabeçada pelo vocalista Jon King e pelo guitarrista Andy Gill faz seu retorno do mundo dos mortos. Depois de lançar em 1983 o álbum Hard, a banda levou mais de oito anos transitando pelos confins de Hades até voltar com o álbum Mall (1991) e Shrinkwrapped (1995), e depois descansou ao que tudo indicava, para sempre. Entretanto veio a onda do Post-Punk revival nos anos 2000 e uma nova safra de bandas se dizendo influenciada pelo grupo dono do clássico absoluto Entertainment!, o disco de estreia do Gang Of Four lançado em 1979. Então em 2004 o grupo partiu para uma série de shows ao redor do globo (acabaram até passando pelo Brasil inserido na programação da terceira edição do Campari Rock).

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Os shows, o apelo dos fãs, a onda de bandas “mortas” que estavam voltando e muito provavelmente o dinheiro fizeram o grupo anunciar em meados de 2010 que lançaria um novo disco, o primeiro trabalho inédito lançado 16 anos após seu último disco chegar às lojas. E quem esperava por um álbum que não manchasse a sólida carreira do grupo pode ficar bem tranquilo. O novo trabalho traz a velha dobradinha King e Gill funcionando quase tão bem quanto em 1977, quando a banda se formou nos subúrbios da cidade inglesa de Leeds.

Content abre em meio a efeitos eletrônicos de guitarra com a faixa She Said ‘you Made A Thing Of Me’ uma canção quase hermética pontuada pelos acordes matemáticos de Andy Gill e pela bateria seca de Mark Heaney, nada tão dançante quanto a banda fora, mas ainda assim embebido pela mesma eficiência. Se dançar ao som do rock é o que você quer então tome You Don’t Have To Be Mad tomada completamente pelo som quase robótico das guitarras e do baixo funkeado de Thomas McNeice. Para os desavisados, o som do Gang Of Four não conta com a mesma pegada que marca as bandas de indie rock dos anos 2000 é visível a timidez se comparados com as faixas dançantes de grupos como Franz Ferdinand e Bloc Party.

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Contudo a timidez vai lentamente ficando de lado e a banda inicialmente contida vai ampliando a intensidade de suas composições. Who Am I! a terceira faixa do disco já mostra isso. Acordes mais abertos, uma bateria menos controlada e o sempre bons vocais de Jon King. A faixa tem tudo para tocar nas pistas e rádios do mundo todo e reapresentar a veterana banda ao novo público. O ouvinte mais atento vai perceber a forte aproximação com o Nine Inch Nails, principalmente o som do álbum The Slip (2008). Estaria Trent Reznor influenciando a banda que tanto o influenciou?

Não há como negar: Content é inteiramente Andy Gill. Da primeira à última faixa é a guitarra fervorosa do músico que vai ditando as regras do álbum. O resto da instrumentação vai obrigatoriamente acompanhando, até o vocalista sede espaço para que o instrumento sonoramente peculiar do músico possa comandar ainda mais o álbum. Talvez esse seja o grande erro do grupo, em apostar inteiramente seu som em um único elemento impedindo que o restante da banda possa contribuir e consequentemente apresentar alguma inovação. Contudo o Gang Of Four e seus lideres cinquentões mostram que ainda tem fôlego para compor e tal qual a letra de uma das canções do novo álbum, o som da banda é só festa todo o tempo ou não.

Content (2011)

Nota: 6.8
Para quem gosta de: The Rapture, Nine Inch Nails e Bloc Party
Ouça: I Party All The Time

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.