Disco: “Control System”, Ab-Soul

/ Por: Cleber Facchi 22/06/2012

Ab-Soul
Hip-Hop/Rap/Alternative
https://www.facebook.com/AbSoulmusic

Por: Cleber Facchi

Recentemente a revista norte-americana Complex Magazine apresentou uma lista com os 25 melhores rappers com 25 anos ou menos – The 25 Best Rappers 25 And Under. Entre artistas de peso que já alcançaram amplo reconhecimento como Tyler The Creator, Big Krit e Wiz Khalifa, além de outros que se encaminham para o sucesso feito Schoolboy Q, Kendrick Lamar e Azealia Banks, a lista serviu para apresentar uma série de novos e ainda desconhecidos representantes do hip-hop norte-americano e mundial. Entre os nomes que mais chamaram a atenção, o novato Ab-Soul estava entre eles, não por algum registro particular, mas pela série de colaborações lançadas ao longo dos últimos anos.

Na ativa desde meados de 2009, quando passou a integrar o coletivo Black Hippy – que ainda conta com Jay Rock, Kendrick Lamar e Schoolboy Q -, o rapper transforma o recente Control System (2012, Top Dwag) em uma espécie de novo cartão de visitas. Embora já tenha se aventurado em algumas mixtapes independentes, com a chegada do primeiro registro oficial, o californiano parece pronto para se apresentar ao grande público, algo que as 16 bem produzidas faixas do registro evocam com batidas sempre coesas, samples invasivos e as rimas assertivas do princípio ao fim.

“Esta é uma história sobre controle, meu controle/ De controle do que eu digo/ Controle do que eu faço/ E dessa vez eu vou fazer do meu jeito”. Da capa aos primeiros versos que preenchem o disco, Ab-Soul deixa mais do que claro sobre que tudo que vai se desenvolver ao longo da enorme, porém, controlada obra é sobre ele. Cada pequena fração do registro evoca trechos do cotidiano do artista, que usa de sua própria história para tratar desde temas com um foco mais político e maduro, até composições mais leves que beiram a temática amorosa.

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Musicalmente o rapper apresenta um resultado muito próximo do que fora testado por seus anteriores parceiros de “banda”. Das aproximações sonoras com Habits & Contradictions em Soulo Ho3 aos beats pontuais de The Book Of Soul, que muito lembram Section.80, cada faixa do registro vez ou outra acaba se aproximando de anteriores referências testadas pelos parceiros do californiano. Ao mesmo tempo em que se deixa influenciar pelos velhos colaboradores, por vezes o rapper acaba pisando no mesmo território que Danny Brown e A$ap Rocky acabam pisando em seus respectivos discos, incorporando bases mais sóbrias e minimalistas (Terrorists Threat) e outras composições banhadas por uma dose leve de melancolia (Pineal Gland).

Por mais que no título da obra seja o nome de Ab-Soul que brilhe solitário, ao longo do registro são as participações e constantes colaborações que impedem o rapper de lançar um disco inseguro ou deveras convencional. Sejam as intervenções dos velhos parceiros do Black Hippy (em faixas como Lust Demons, Sopa e ILLuminate), ou rápidos apoios de nomes como Alori Joh, Chicago Kid e Danny Brown nas demais faixas, por vezes a ideia de “registro solo” acaba felizmente esquecida, afinal, o que seria de Control System sem os toques de R&B incorporados pela novata Jhené Aiko ou as dicas do “veterano” Lamar?

Com a produção do registro assinada por diferentes nomes, a multiplicidade da obra se amplia a todo o momento. Embora ainda tímido perto da grandiosidade de álbuns como R.A.P. Music de Killer Mike, Blue Chips do nova-iorquino Action Bronson ou mesmo a recente obra do parceiro Schoolboy Q, Control System entra fácil na lista dos recentes e essenciais lançamentos da nova safra do hip-hop estadunidense. É como se as pontas soltas abandonadas ao longo do álbum fossem intencionais, uma desculpa necessária para que o rapper possa dar conta em algum futuro lançamento.

Ab-SOul

Control System (2012, Top Dwag)

Nota: 8.0
Para quem gosta de: Schoolboy Q, Kendrick Lamar e Jay Rock
Ouça: The Book Of Soul, Terrorist Threats e A Rebellion

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.