Disco: “Crisis Works”, Young Legionnaire

/ Por: Cleber Facchi 05/05/2011

Young Legionnaire
British/Post-Hardcore/Alternative Rock
http://www.myspace.com/younglegionnaire

 

Por: Fernanda Blammer

Algumas coisas tem tudo para não dar certo, mas surpreendentemente conseguem se acertar. Um bom exemplo disso é Young Legionnaire, supergrupo formado por Paul Mullen, guitarrista e vocalista do The Automatic, Gordon Moakes, baixista do Bloc Party e o baterista “desconhecido” Dean Pearson, que juntos resolveram afinar seus instrumentos em prol de um som raivoso que passeia pelo punk, o post-hardcore e, por que não, o pop. Esqueçam as aspirações ao post-punk trabalhadas nos projetos originais de seus integrantes, aqui o som é algo, sujo e certeiro.

Em meio as inúmeras turnês e festivais em que Moakes e Mullen acabavam se encontrando pela Europa, a ideia de montar uma banda inspirada nos grandes nomes do rock alternativo dos anos 90 parecia algo mais do que necessário em meio às inúmeras afinidades de ambas as partes, faltava apenas tempo. Elemento que posteriormente foi encontrado, quando o Bloc Party resolveu aderir ao hiato em 2009, para que todos seus integrantes tivessem tempo para respirar novos ares e se entregarem de vez aos projetos paralelos, algo que Moakes tomou quase como imediato.

Embora soa forçado em determinados momentos, não há como contradizer o quanto Crisis Works (2011) é um disco bom, soando como algo inimaginável de ser visto dentro da das bandas originais de qualquer um de seus integrantes. Tanto as guitarras de Mullen (que canta belamente no decorrer de todo o disco), quanto o baixo de Gordon se esbarram a todo momento em meio a rifes ruidosos e rajadas de acordes acelerados, que mais parecem metralhadoras acústicas. Porém é o baterista anônimo que assume toda a liderança do álbum.

[youtube:http://www.youtube.com/watch?v=eHqvX_KfT2Y?rol=0]

[youtube:http://www.youtube.com/watch?v=j_DMfPOjfoU?rol=0]

Como se quebrasse milhares de baquetas por segundo, Dean Pearson descarrega uma sequência colossal de agressões ritmadas, que servem de sustento para que a aparente briga entre os dois instrumentos restantes passa se realizar, embora o duelo conjunto entre baixo e guitarra pareça mais com uma briguinha de crianças, quando comparado à “briga pessoal” de Pearson com seu instrumento. Dividindo-se entre frequências secas, dignas de artistas veteranos, e malabarismos melhor constituídos, o baterista tem nesse trabalho sua melhor porta de entrada para futuros trabalhos, sejam ao lado do Young Legionnaire ou não.

Mesmo que pareça unitário, Crisis Works é um trabalho que se divide em duas partes, ou em dois pesos diferentes. Na primeira metade do disco o direcionamento dado é muito mais agressivo, com os vocais berrados de forma caótica, todos os instrumentos focando na criação de um som bruto e veloz, algo que vai aos poucos se assentando. Se na primeira parte do LP há uma clara inspiração de grupos como At The Drive In, na parte sequência é o The Dismemberment Plan e suas guitarradas despojadas que se fazem presentes, principalmente em faixas como Nova Scotia e Blood Dance, tocadas pelos sons do álbum Emergence & I (1999).

Se a vontade do trio era construir um disco versátil e ensurdecedor, não há duvidas que eles conseguiram. Crisis Works não é um desses discos feitos para mudar a vida das pessoas e muito menos traz algo de novo aos interessados nesse tipo de música, porém consegue soar de forma agradável e despretensiosa. Quem sabe se o trio arriscasse um pouco mais o álbum fosse ainda mais satisfatório, mas por enquanto, está de bom agrado.

Crisis Works (2011)

Nota: 7.4
Para quem gosta de: Bloc Party, Teh Automatic e The Dismemberment Plan
Ouça: Blood Dance

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.