Disco: “Dancer Equired”, Times New Viking

/ Por: Cleber Facchi 26/03/2011

Times New Viking
Lo-Fi/Noise Rock/Indie
http://www.myspace.com/timesnewviking

Por: Fernanda Blammer

Esse 2011 anda com uma cara de 2008. Lykke Li que fazia sua estreia volta agora com Wounded Rhymes, Hercules and Love Affair que brilhava com seu debut, retorna com Blue Songs. Teremos ainda um novo do TV on The Radio, um novo do Fleet Foxes e outra banda que lançou um dos seus melhores registros naquele “longínquo” ano e agora marca sua volta são os norte-americanos do Times New Viking, banda que nos premia com seu recente Dancer Equired (2011).

Quem conhece o tipo de som proposto Jared Phillips, Beth Murphy e Adam Elliott já espera alguns bons minutos de guitarras sujas, gravações lo-fi, canções enérgicas, meio punk, meio shoegaze, meio hippie. O jeitão descompromissado com que a banda orienta seus trabalhos acaba retornando neste quinto disco, proporcionando ao ouvinte uma boa seleção de faixas puramente caseiras que remetem ao som de diversas bandas independentes dos anos 90.

Não espere por ouvir um disco repleto de influências praieiras como grande parte dos artistas do rock lo-fi tem apontado nos últimos anos. De alguma forma o som do Times New Viking acaba soando de maneira mais urbana, ou menos lesada que na maioria dos casos. A todo momento Guided By Voices reverbera nas camadas de guitarras nada polidas do discos, sempre dentro de uma anarquia controlada em que tudo parece feito em casa, utilizando-se de gravações ao vivo em uma fita cassete. Até a capa do álbum lembra com alguma imagem dos discos de Robert Pollard e sua trupe.

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=aTJHIfiAKzc]

Entretanto, quando comparado aos primeiros registros do grupo em meados dos anos 2000 temos nesse Dancer Equired um dos álbuns mais limpos da banda. Pode esquecer as microfonias, os desníveis de áudio e todo o clima artesanal que emanava de Rip It Off (2008). Com Born Again Revisited de 2009 o trio já dava claros apontamentos dos rumos que seguiria no futuro. O fato de terem seus discos lançados pela Matador Records abre a banda a possibilidade de melhores equipamentos de gravação, deixando com que a inspirada barulheira de outrora acabe lentamente abandonada ou pelo menos posta de lado.

Mesmo que seja menos cru que os discos anteriores ainda é possível encontrar alguns bons chiados ou canções que relembrem os tempos de glória e sujeira do grupo. Quanto mais curtas as faixas, maior a possibilidade de nos depararmos com um belo e abafado conjunto de sons e distorções. Desse grupo pintam Califórnia Roll, New Vertical Dwellings e Don’t Go To Liverpool, ambos registros inspirados e dotados de uma poeira sonora excepcional.

Talvez pelo número de faixas elevado ou por nos depararmos com um som mais compactado esse novo álbum do Times New Vinking acaba soando redundante e menos inspirado em diversos momentos. Contudo, a beleza de faixas como No Good, No Room to Live, além das anteriores mencionadas acabam por salvar o registro. Nada contra em a banda se aventurar pela criação de sons mais limpos, mas uma sujeirinha ocasional aqui e ali, aquele jeitão realmente caseiro de outrora não traria problema algum.

Dancer Equired (2011)

Nota: 6.8
Para quem gosta de: Vivian Girls, No Age e Abe Vigoda
Ouça: California Roll

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.