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Críticas

Jlin

: "Dark Energy"

Ano: 2017

Selo: Planet Mu

Gênero: Eletrônica, Experimental

Para quem gosta de: DJ Rashad, Traxman

Ouça: Abnormal Restriction, Erotic Heat

8.5
8.5

Disco: “Dark Energy”, Jlin

Ano: 2017

Selo: Planet Mu

Gênero: Eletrônica, Experimental

Para quem gosta de: DJ Rashad, Traxman

Ouça: Abnormal Restriction, Erotic Heat

/ Por: Cleber Facchi 12/06/2015

Não é necessário ir além da inaugural Black Ballett para entender o trabalho de Jerilynn Patton em Dark Energy (2015, Planet Mu). Vocais picotados, encaixado de forma flexível e instrumental. Sobreposições e batidas rápidas – entre 150 e 160 BPM -, garantindo sustento ao uso de sintetizadores minimalistas, além da contida utilização das vozes e samples – em geral, fragmentos extraídos de jogos de video game e até mesmo seriados de TV. Referências talvez esperadas em um típico registro de Footwork/Juke, porém, exploradas em um estágio de plena euforia e completa insanidade.

Ancorada em um redemoinho de colagens, batidas e vozes precisas, Patton, aqui apresentada sob o título de Jlin, prende o ouvinte logo nos primeiros instantes da obra, impedindo que ele consiga escapar antes da derradeira (e robótica) Abnormal Restriction. São 11 composições que ultrapassam com naturalidade os limites do “dançante”, abraçando o experimento em sentido de explícita provocação, como se a artista fosse capaz de mudar a direção a cada nova batida ou ruído sintético do álbum.

Original da cidade de Gary, Indiana, Patton parece longe de se apoiar no principal fenômeno musical da cidade – o grupo The Jackson 5 -, buscando apoio no município vizinho, Chicago. Berço das diferentes vertentes que tanto inspiram e movimentam o trabalho da produtora, a cidade (antes) dominada pela montadoras de automóveis pode não interferir diretamente nas composições da artista, entretanto, serviu de morada para algumas das principais influências de Jlin, caso específico de DJ Rashad, entidade viva em cada ato de Dark Energy.

Talvez a principal diferença em relação ao trabalho de Rashad – morto em 2014 -, está na ambientação temporal e pequenos conceitos explorados por cada produtor. Enquanto o veterano transformou a sequência de obras produzidas entre 1998 e 2013 em uma representação da própria decadência na cidade de Chicago, Patton parece olhar para frente, expandindo um conceito mecânico/futurístico que preenche grande parte das composições. Caso da urgente Black Diamond ou mesmo a já conhecida Erotic Heat, faixa originalmente lançada na coletânea Bangs & Works Vol. 2 (2011).

A imensa carga de referências é outro elemento explorado de forma curiosa no interior trabalho de Jlin. Seja em composições de marcadas pelo direcionamento frenético das batidas e samples (Guantanamo) ou mesmo faixas mais lentas (Mansa Musa), o simples indicativo dos títulos parece sustentar todo um universo de temas, conceitos e até mesmo histórias. Criaturas mitológicas como o deus egípcio Ra na faixa homônima e outros conceitos que aos poucos encaminham a obra do produtor para um cenário quase fantástico.

Instruída pelos próprios pais a ouvir o trabalho de Miles Davis, John Coltrane, Barry White e Grover Washington desde criança, em Dark Energy, Jlin ainda encontra pequenas brechas para brincar com a própria essência musical. Pequenas colagens instrumentais e vocais, além de uma série de arranjos remodelados, atendendo o conceito futurístico da obra, prova de que por trás do ritmo eufórico de cada canção, uma rica atmosfera criativa se espalha em câmera lenta.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.