Disco: “Daydreaming in Technicolor”, The Bubbles

/ Por: Cleber Facchi 02/02/2011

The Bubbles
Garage/Indie/Psychedelic Pop
http://www.myspace.com/thebubblesmusic

 

Quem ouve o segundo trabalho de estúdio do quarteto The Bubbles, vindos diretamente de Austin no Texas, logo vai perceber que o grupo parece seguir por um caminho alheio ao das bandas independentes contemporâneas. Nada de se inspirar no surf rock ou na vibe californiana, nada de melodias quebradas, experimentalismos, noise ou qualquer tipo de excentricidade. A simplicidade e as composições voltadas para a música pop com toques de psicodelia é o que predomina.

Contudo não vá esperando por um pop redundante e desprovido de qualquer tipo de qualidade técnica. Daydreaming in Technicolor (2011) é um disco de “música punk”, porém muito mais em sua essência do que por sua sonoridade em si. Ao começar pela capa, uma ilustração simples e quase infantil (quase idêntica a que ilustra a estreia do grupo). As gravações não chegam a transparecer um produto lo-fi, mas vêm dotadas de simplicidade, arranjos contidos e que em nenhum momento soam de maneira plastificada.

As influências do grupo estão não apenas no indie rock caseiro dos anos 90, mas também no rock de garagem da década de 1970, além de uma clara aproximação com o indie pop dos anos 2000. Rewind é um claro exemplo dessa miscelânea de elementos que se convergem nas composições do grupo. Os vocais chegam sujos, a guitarra tem aquela aceleração necessária e a banda vai despejando acordes descontraídos a todo o momento.

É visível também uma forte aproximação com os primeiros álbuns lançados pelo Flaming Lips. Os toques de psicodelia pop, distorções e guitarras viajadas parecem vindos de discos como In a Priest Driven Ambulance (1990) e Hit to Death in the Future Head (1992), quando o lado mais “louco” de Wayne Coyne ainda não havia aflorado. It’s You com seus teclados viajados, a voz reconfigurada do vocalista e as guitarras desleixadas mostram um pouco dessas aventuras pelo campo lisérgico.

Há momentos também em que a banda formada por William Glosup (guitarras e vocais), Chris Balcom (guitarra), Marc Hoegg (baixo) e Casey Seymour (bateria) acaba se aventurando pelo uso de novos instrumentos, texturas e sonoridades dentro do álbum. Em Intermission os texanos se aventura pelo terreno das experimentações, por meio de uma longa introdução trabalhada em cima de solos de trompete e colagens de voz. A fórmula segue em Something New, essa mais voltada para o lado flaminglipiano, enquanto em I Belong to the Stars é a sonoridade acústica que expõem suas marcas.

O The Bubbles deixa mais do que claro que o lado pop alegrinho do primeiro álbum Super Psychedelic Sound Explosion (2008) está gradativamente sendo abandonado, dando lugar a uma instrumentação e composições cada vez mais elaboradas, embora a simplicidade seja o principal atributo da banda. Seria Daydreaming in Technicolor o prelúdio de grandes lançamentos?

 

Daydreaming in Technicolor (2011)

 

Nota: 7.3
Para quem gosta de: The Flaming Lips, Beach Fossils e The Babies
Ouça: It’s You

 

Por: Fernanda Blammer

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.