Disco: “Daydreams & Nightmares”, Those Dancing Days

/ Por: Cleber Facchi 18/02/2011

Those Dancing Days
Swedish/Indie Pop/Pop
http://www.myspace.com/thosedancingdays

 

Da avalanche de bandas suecas que tomaram conta do mundo em meados dos anos 2000, o quinteto feminino Those Dancing Days é um dos poucos que se manteve inalterado dentro de sua proposta inicial. Calcadas em um pop rock suavemente eletrônico o grupo formado por Linnea Jönsson (vocais), Lisa Pyk (órgão/teclados), Rebecka Rolfart (guitarra), Mimmi Evrell (baixo) e Cissi Efraimsson (bateria) chega com seu segundo trabalho de estúdio, mostrando canções com a mesma competência do trabalho de estreia In Our Space Hero Suits de 2008. Mesclando momentos que vão de felicidade extrema à melancolia, o novo álbum dessas garotas de Estocolmo ataca em todas as direções e agrada em suas múltiplas formas.

Tecnicamente recente (o grupo formou-se em 2005) a banda já conseguiu circular em um bom número de países mesmo antes do disco de estreia. Com o primeiro EP lançado em 2007 a banda já havia rompido as barreiras do país de origem e se apresentou em um bom número de festivais pela Europa. Mas foi com o trabalho de estreia em 2008 que a carreira do quinteto decolaria. A turnê de In Our Space Hero Suits levaria a banda a atravessar o Atlântico e aterrissar no Brasil, ponto onde fizeram sua primeira apresentação fora do velho continente em 2009.

Se na estreia a banda sueca se cercava de influências que iam de Belle and Sebastan a canções obscuras da música soul, com o novo disco Daydreams & Nightmares (2011) há um discreto reforço no lado roqueiro da banda. Entretanto não vá esperando por um trabalho rasgado por guitarras barulhentas ou instrumentação espancada. Mesmo quando o grupo “pesa” na instrumentação são os toques sensivelmente dulcificados e escondidos atrás das camadas de teclados, guitarras comportadas e vocais carinhosos que acabam predominando e chamando a atenção. O Those Dancing Days é quase como esses grupos de garotas cantoras que se popularizaram nos anos 90, mas com um diferencial: nada é descartável e nenhuma das canções vem construídas em meio a emulações eletrônicas.

Os bips e acordes de sintetizadores que abrem o disco dão uma falsa impressão de que um achado eletrônico teria início, porém, logo as guitarras, vocais e bateria dando o ar da graça apontam o comprometimento orgânico da banda. As guitarras menos “pop” e mais “rock” de Reaching Forward fluem dentro da mesma linguagem de artistas do indie rock dos anos 2000, a diferença está nos vocais femininos e na não existência da mesma temática visceral que compôs as estreias de grupos como The Strokes ou Bloc Party.

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Com cara de primeiro single I’ll Be Yours chega permeada por toques de post-punk, indie pop e um leve toque de pop melancólico. Tanto as guitarras de Rebecka Rolfart como o baixo de Mimmi Evrell acabam se apresentando como elementos centrais da composição, feito que cresce pelos adornos de teclado de Lisa Pyk que apontam ainda mais as construções delicadas da banda. O mesmo acontece com Dream About Me, uma faixa que soaria embrutecida por mãos masculinas, mas que pelas graças do TDD encanta pelo coro de vocais e as sutilezas instrumentais ali inseridas.

Formada quando as garotas ainda estavam no colegial a aura adolescente e chorosa se mostra presente em boa parte das canções do novo disco. Help Me Close My Eyes entrega o quinteto em seu momento de maior melancolia, com aquele jeitão de canção pop radiofônica feita para ajudar adolescentes em crise. O mesmo vale para Can’t Find Entrance, repleta de tecladinhos no melhor estilo The Cure, o que contribui ainda mais para o clima sorumbático da faixa. Porém nem tudo é tristeza no disco, Fuckarias mostra a banda em um parco instante de raiva, que involuntariamente acaba remetendo à Ida Maria do primeiro disco.

O álbum segue ainda com mais algumas doses de sutileza e agitação com Forest Of Love, When We Fade Away e Keep Me In Your Pocket com a bateria seca de Cissi Efraimsson mandando ver. Para quem se encantou com a faixa I Know Where You Live aqui ela ganha uma espécie de continuação dessa vez marcada por guitarras aceleradas e uma bateria de tirar o fôlego. Com as garotas cantando junto, batendo palmas e levando seus instrumentos ao máximo o ritmo intenso acaba fazendo dessa a faixa mais dinâmica do disco.

A produção de Patrik Berger que recentemente produziu Body Talk (2011) da conterrânea Robyn funciona e não funciona dentro do disco. Ao mesmo tempo em que os excessos são limados o que acaba garantindo uma maior coesão ao trabalho, fica visível um certo ar de controle nas canções, como se as garotas pudessem mais, porém fossem forçadas a diminuir o ritmo. Fuckarias e I Know Where You Live pt. 2 que entregam o lado mais enérgico do grupo poderiam contar com uma intensidade um pouco maior, mas acabam sendo contraídas. Por fim, entre erros e acertos é o segundo que acaba prevalecendo.

 

Daydreams & Nightmares (2011)

 

Nota: 7.6
Para quem gosta de: Shout Out Louds, Ida Maria e Britta Persson
Ouça: I’ll Be Yours

Por: Cleber Facchi

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.