Disco: “Days Are Gone”, Haim

/ Por: Cleber Facchi 17/09/2013

Haim
Indie/Alternative/Female Vocalists
http://haimtheband.com/

Por: Fernanda Blammer

Haim

Pop, mas sem exageros, som pouco convencional, mas ainda assim capaz de esbanjar boas melodias. Desde o primeiro single as garotas do Haim sabem exatamente onde estão pisando. Afundadas em referências que atravessam a década de 1970, se tingem do neon oitentista, até flertar com o pop dos anos 2000, o trio californiano – composto pelas irmãs Este, Danielle e Alana Haim -, faz do primeiro registro em estúdio um regresso ao que já era aprimorado há tempos. De beleza simples e versos que não custam a cativar, Days Are Gone (2013, Polydor) é uma obra naturalmente sem surpresas, mas que atende às exigências do público.

Passou os últimos meses sem conhecer o trabalho da banda? Sem problemas. Assim que tem início, o aguardado “debut” trata de resgatar parte específica do que a tríade acumula desde 2012, quando Forever apresentou oficialmente o trabalho do grupo. Ao lado da virginal composição, Falling, The Wire e Don’t Save Me marcam com nostalgia sensações que as irmãs sustentaram nos últimos meses – seja com gracejos vocais ou simplesmente clipes marcados pela feminilidade. Se a ideia é explorar o álbum como um verdadeiro cartão de visitas, então toda a parte inicial do registro parece ambientada a isso.

Mesmo no embalo assertivo das pegajosas If I Could Change Your Mind e Honey & I, composições preparadas exclusivamente para o álbum, cada fração do eixo inicial do registro se sustenta em manter uma atmosfera homogênea. Partindo desse princípio, vozes, sintetizadores ou mesmo a bateria de Dash Hutton absorvem todos os elementos em um efeito de clara proximidade. É como revisitar os anteriores singles da banda fingindo desconhecimento, resultado que deve claramente alimentar os novos espectadores, mas talvez custe a impressionar os antigos ouvintes.

É a partir da faixa título que o álbum realmente começa a mostrar “suas garras”. Livre dos ensaios pueris das canções iniciais, músicas como Go Slow e Let Me Go aprimoram a sobriedade da obra, revelando ao público uma face talvez instável do Haim e que não agrade ao grande público. O que antes era banhado pela luz matinal e versos fáceis, agora se apresenta com melancolia em um curioso efeito noturno. Com uma proximidade maior em relação à década de 1980, o álbum expande a presença dos instrumentos, principalmente as guitarras e batidas carregadas de eco, efeito que auxilia na ruptura do cenário quase redundante que se instala nas primeiras músicas.

Longe de fornecer um agrupado acessível de canções, faixas aos moldes de Running If You Call My Name, My Song 5, além das composições já citadas, antecipam a maturidade do grupo. Esbarrando em conceitos muito similares ao do Twin Shadow (do álbum Confess) ou do próprio Chairlift nos (instantes mais abrandados de Something), cada peça posicionada ao final do disco engrandece as sensações e confissões do trio. É como se deparar com alguma obra esquecida dos anos 1980, efeito que o romantismo exagerado e a dor exposta manifestam em um exercício de verdadeiro agrado lírico. Se a parte inicial do disco é a luz, então a metade final é a sombra, e é nela que se escondem as melhores composições da banda.

Por vezes atrasado – além dos álbuns acima mencionados, a estreia do Haim esbarra em diversos outros conceitos desgastados em 2012 -, Days Are Gone não esconde a inexperiência da banda, que mesmo dona de uma sonoridade já definida, ainda parece confortada em um material simples, tímido em alguns aspectos. Seja no brilho pop de Honey & I ou na sobriedade de Running If You Call My Name, tudo parece fluir em nítido controle, como se houvesse medo em arriscar e um cuidado extremo em exagerar. Uma obra agradável, pop por ocasião, mas nada que vá além disso.

Haim

Days Are Gone (2013, Polydor)

Nota: 6.0
Para quem gosta de: HAERTS, Friends e Wild Belle
Ouça: Falling, Honey & I e Running If You Call My Name

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.