Disco: “Dead To Me”, Girls Names

/ Por: Cleber Facchi 25/04/2011

Girls Names
Irish/Lo-Fi/Surf
http://www.myspace.com/girlsnames

Por: Fernanda Blammer

Se não fosse pelo sotaque e a assumida moradia na cidade de Belfast, na Irlanda do Norte, o trio Girls Names poderia facilmente se passar por um grupo de surf rock californiano ou uma banda de noise pop daquelas típicas residentes na região do Brooklyn em New York.Com Dead To Me, disco de estreia da banda, a sonoridade repleta de ruídos e climatização praieira prova não existem limites geográficos ou climáticos para propagar determinado estilo musical.

Logo no lançamento do primeiro EP em 2010, o trio dava todos os apontamentos e já deixava mais do que claras suas inspirações e aspirações no meio musical. A instrumentação suja de Cathal, Neil e Claire despontam a todo momento acordes típicos dos sons praieiros do fim dos anos 50 e de toda a década de 1960. O The Beach Boys ganha uma carga adicional de sujeira, típica do rock de garagem da década de 70, em que as ondas, que seriam as do mar, acabam se convertendo tsunamis de distorção e poeira musical.

Mas no meio desse grande oceano de distorções, onde está a novidade? Nos 28 minutos de duração do trabalho fica mais do que claro, que a distância física que separa o trio irlandês não os isola do decrescente panorama norte-americano. Ao invés de darem novos rumos a Dead To Me, o álbum acaba se mostrando como um redundante disco de estúdio, apenas mais uma cópia no profundo e gigantesco mar de instabilidades criativas pelo qual o cenário alternativo vem sendo lavado.

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Qualquer um que se situe alheio ao atual cenário independente encontrará nessa estreia do Girls Names um álbum atrativo, em que as guitarras, transportando a brisa do mar através de suas distorções sujas banham o ouvinte com uma sequência de 10 finas composições. Entre rebuscados acordes e batidas suavemente dançantes, o trio se aventura em meio a toques de psicodelia, punk e raras passagens pelo rock dos anos 80, porém se aos olhos e ouvidos de um leigo a banda desponte criatividade, se apresentando para qualquer um que tenha acompanhado a música alternativa nos últimos dois anos verá nessa estreia um verdadeiro fracasso.

De Crystal Stilts a Best Coast, de The Drums a Wavves, de Dum Dum Girls a Beach Fossils, o que não faltam ao trio são possíveis comparações com artistas que já fizeram algo idêntico ou completamente parecido. Não há nada ao longo do disco que faça o álbum soar como novo, nenhum atributo o torna inédito. De Lawrence na abertura do trabalho, passando por I Lose, até o desfecho com Seance On A Wet Afternoon, a sensação é única, um Déjà Vu de meia hora, onde todas as faixas remetem de alguma forma a algo que já tenhamos ouvido antes.

Por mais que a banda brinque e se permita a improvisar distorções ao longo do álbum, a repetição tediosa acaba prevalecendo. Você pode até se divertir com as tentativas do trio em faixas como Cut Up e Nothing More To Say, embora não encontre nada de mais dentro dessas mesmas canções. Na dúvida escolha os originais.

Dead To Me (2011)

Nota: 5.0
Para quem gosta de: Beach Fossils, Eternal Summers e Crystal Stilts
Ouça: Cut Up

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.