Disco: “Deerhoof Vs. Evil”, Deerhoof

/ Por: Cleber Facchi 07/01/2011

Deerhoof
Indie Rock/Experimental/Noise Rock
http://www.myspace.com/deerhoof

Poucas são as bandas donas de uma discografia tão concisa e eficiente quanto o Deerhoof. Ícones da cena independente norte-americana o grupo já é dono de uma coleção com mais de dez álbuns de estúdio, inúmeros EPs, singles, splits, faixas avulsas em coletâneas e uma instrumentação entregue a guitarras noise e experimentalismos eficientes. Com o novo disco a banda tenta ir além através de um duelo contra o próprio mal em Deerhoof Vs. Evil (2011).

A opção por uma sonoridade menos raivosa como fica expresso no novo álbum não é algo novo na carreira da banda. Desde Offend Maggie (2008), o último lançamento do grupo até então, que ficava visível uma maior presença de faixas contidas e instrumentação mais flexível por parte de John Dieterich, Satomi Matsuzaki, Ed Rodriguez e Greg Saunier. Entretanto, com uma sonoridade menos agressiva sobra espaço para que o grupo saiba como reformular seus instrumentos, explorando-os de maneira muito mais versátil.

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Claro que os fãs dos trabalhos iniciais do grupo ou da fase áurea representada pelos álbuns Apple O’ (2003) e The Runners Four (2005) vão sentir estranheza mediante a comodidade sonora do grupo. Para esses fãs o grupo entrega canções como The Merry Barracks e Let’s Dance the Jet repletas de guitarras sujas, melodias que se desdobram e os experimentalismos marcantes do grupo. Embora seja justamente nas canções mais “sofisticadas” que o grupo reforça sua funcionalidade.

Pela primeira vez a voz delicada de Satomi Matsuzaki pode ser verdadeiramente apreciada. A japonesa que transita através de vocais “meio Fernanda Takai, meio LoveFoxxx” deixa sua voz ecoar pelos acordes das canções de maneira tão límpida que nem deixa lembrar a jovem que gritava “Panda, Panda, Pan-pan-da” ou os demais sons quase inaudíveis dos álbuns anteriores. O maior exemplo disso está em No One Asked To Dance em que a instrumentação acústica da canção dá à garota uma aura de Joanna Newsom, comparação nunca antes pensada em se tratando de Matsuzaki.

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Com o Deerhoof Vs. Evil é possível distinguir novas transições sonoras do grupo para além do noise rock e das faixas experimentais dos trabalhos anteriores. Secret Mobilization é um Krautrock aos moldes de grupos como o Can enquanto a já mencionada No One Asked To Dance com sua instrumentação orgânica nos aproxima de uma instrumentação folk com toques de Baroque Pop. Já I Did Crimes for You é uma canção pop imersa em arranjos lo-fi que dão o charme à faixa.

Sem dúvidas as composições do novo álbum do Deerhoof estão muito aquém do que já fora explorado pelo quarteto em outros trabalhos. Contudo apreciar uma banda que durante tantos anos nos presenteou com o melhor do experimentalismo em altas doses de distorção e agora ressurge de maneira comportada é sem dúvidas uma boa experiência.

Deerhoof Vs. Evil (2011)

Nota: 7.2
Para quem gosta de: The Fiery Furnaces, Xiu Xiu e The Unicorns
Ouça: Behold a Marvel in the Darkness

Por: Cleber Facchi

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.