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Críticas

Beach House

: "Depression Cherry"

Ano: 2015

Selo: Sub Pop

Gênero: Dream Pop, Indie

Para quem gosta de: Deerhunter e Lower Dens

Ouça: Sparks, Space Song e PPP

8.5
8.5

Resenha: “Depression Cherry “, Beach House

Ano: 2015

Selo: Sub Pop

Gênero: Dream Pop, Indie

Para quem gosta de: Deerhunter e Lower Dens

Ouça: Sparks, Space Song e PPP

/ Por: Cleber Facchi 24/08/2015

Victoria Legrand e o parceiro Alex Scally passaram os últimos dez anos garimpando novidades dentro do mesmo cercado criativo que apresentou o Beach House. Da sonoridade obscura explorada em Devotion (2008), passando pelo ápice melódico em Teen Dream (2010) e o flerte com o pop em Bloom (2012), vozes, versos e arranjos partilham de um mesmo catálogo de referências ancorados no Dream Pop dos anos 1980/1990. Um instável zona de conforto, sempre trêmula e prestes a se romper no interior de Depression Cherry (2015, Sub Pop).

Quinto registro de inéditas da banda de Baltimore, Maryland, o álbum de apenas nove faixas levanta a questão: para onde vamos agora? Fruto da explícita repetição de ideias que abastece a obra do casal, cada faixa do novo disco incorpora e adapta o mesmo catálogo de elementos explorados desde a maturidade alcançada no começo da presente década. Uma rica tapeçaria de sintetizadores, guitarras maquiadas pela distorção, bateria eletrônica e a densa voz de Legrand, da abertura ao encerramento do disco, encarada como um poderoso instrumento.

Isso faz de Depression Cherry é um trabalho “repetitivo”? Muito pelo contrário. Ainda que o casal jogue com o mesmo arsenal de temas explorados desde a estreia, em 2006, difícil encarar o presente álbum como uma obra redundante, penosa. Prova disso está nas guitarras e experimentos que crescem no interior de Sparks. Ao mesmo tempo em que a essência da banda é preservada, nítida é a passagem criada por Scally para o começo dos anos 1990, transformando a canção em um fragmento íntimo de clássicos como Heaven or Las Vegas (1990) do Cocteau Twins ou Loveless do My Bloody Valentine (1991).

A própria base lançada por Legrand nos sintetizadores transporta o ouvinte para um cenário marcado pelo ineditismo. Enquanto a primeira metade do trabalho confirma a busca do casal por um som de natureza (ainda mais) pop – vide Space Song e 10:37 -, para o eixo final do disco, novos ritmos e ambientações nostálgicas alteram os rumos da obra. Tanto Wildflower como Bluebird investem no recolhimento dos vocais e arranjos, posicionando o registro em um meio termo entre o Soft Rock de artistas como The Carpenters e as confissões melancólicas do Mazzy Star.

Dividido entre a concepção lenta de Teen Dream e explosão de sons que marca cada uma das faixas do antecessor Bloom, Depression Cherry é um trabalho em que Legrand e Scally tentam se (re)encontrar. Ainda que pistas sejam entregues durante toda a obra, apontando possíveis direções para os futuros trabalhos da banda, evidente é o contraste de ideias que sustenta (e fragmenta) o novo álbum. Enquanto o casal toma uma decisão definitiva, composições como Levitation, Space Song e PPP mostram que o Beach House ainda está longe de um possível tropeço.  

Difícil não lembrar de obras como Monomania (2013) do Deerhunter ou Centipede Hz (2012) do Animal Collective, registros apresentados ao público depois de uma sequência de grandes lançamentos; álbuns propositadamente instáveis, quase saturados, porém, uma espécie de recomeço, ponto de partida para um novo universo de possibilidades. Por ora, Depression Cherry sobrevive como um claro acerto dentro da discografia do Beach House, um projeto repleto de boas composições e certa dose de frescor, mas será que Victoria Legrand e Alex Scally conseguem ir além?

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.