Disco: “Desperate Ground”, The Thermals

/ Por: Cleber Facchi 11/04/2013

The Thermals
Indie/Punk/Rock
http://www.thethermals.com/

 

Por: Fernanda Blammer

The Thermals

Poucas bandas são capazes de dosar guitarras nada comportadas com vocais orientados pelo uso de direto de boas melodias de forma acessível. Com mais de uma década de atuação, o sempre mutável trio de Portland, Oregon, The Thermals assume essa condição como poucos, fazendo da bem sucedida discografia um eco constante entre o passado e o presente do rock alternativo. Inclinados a lidar com a aceleração politizada do Punk Rock, mas sem inviabilizar  a produção de temas comerciais, a banda comandada por Hutch Harris alcança o sexto registro em estúdio com maturidade e sem abandonar o frescor berrado dos primeiros discos.

Desde a maturidade alcançada com The Body, the Blood, the Machine (2006), a busca por um som cada vez menos ácido tem se revelado como um caminho viável para o grupo – completo com a baixista Kathy Foster e desde 2008 pelo baterista Westin Glass. Mesmo que as composições de Harris aproveitem o uso de temáticas cada vez menos políticas e mais orientadas pela essência pessoal do compositor, basta o vigor de Born To Kill, faixa que inaugura o recente Desperate Ground (2013, Saddle Creek) para perceber que a banda permanece a mesma. E é aí que mora o erro.

Como se continuasse exatamente de onde estacionou há três anos, com o lançamento do pop Personal Life (2010), a banda faz do novo disco um trabalho que mesmo dinâmico e carregado por boas composições parece descompassado em relação ao que ocupa o punk/hardcore norte-americano. Tudo é orientado dentro de uma medida de raiva controlada, como se as guitarras práticas da banda dançassem de acordo com os vocais de Harris, um efeito talvez coerente com o que fora incorporado há uma década, mas atrasado quando observamos obras como All We Love We Leave Behind (2012) do Converge ou You’re Nothing (2013) do Iceage.


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Parte do desgaste que conduz o disco se esconde na simplicidade que acompanha musicalmente o trabalho da tríade. Um efeito capaz de distanciar canções aos moldes de Faces Stay With Me de encontrar um resultado melhor estruturado e rico para os ouvintes recentes. Como boa parte das bandas da mesma época, o trio parece ter firmado as raízes em uma estrutura imutável, um completo oposto ao que incentiva grupos mais novos como The Men e outros representantes recentes do gênero a transformar cada novo álbum em um brinde ao ineditismo.

Da mesma forma que o trabalho de 2010, Personal Life, o recente ábum não chega a soar desconexo ou ruim quando observado como um todo, parece ser apenas mais do mesmo. Mas então, qual o interesse em mergulhar no disco com álbuns tão bons quanto More Parts per Million (2003), Fuckin A (2004) e principalmente o já mencionado The Body, the Blood, the Machine? Em alguns momentos o “novo” disco até parece como uma coletânea de B-Sides, faixas que ficaram para trás durante os últimos discos de estúdio. Dessa forma, com tantos discos bons circulando por aí, e até revisitando os velhos trabalhos da banda, ouvir Desperate Ground parece ser apenas perda de tempo.

 

The Thermals

Desperate Ground (2013, Saddle Creek)


Nota: 5.5
Para quem gosta de: Ted Leo and the Pharmacists e Titus Andronicus
Ouça: Born To Kill

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.