Disco: “Diamantes”, El Columpio Asesino

/ Por: Cleber Facchi 22/02/2011

El Columpio Asesino
Spanish/Indie Pop/Alternative
http://www.myspace.com/elcolumpioasesino

Não é de hoje que expressamos nosso total interesse pela nova safra de bandas vindas do território espanhol. Só em 2010 quatro trabalhos impressionantes acabaram figurando nas listas dos melhores álbuns do ano, como o Delorean com o disco Subiza, Triángulo de Amor Bizarro e seu Año Santo, El Guincho e o experimentalismo de Pop Negro e os iniciantes do Polock que soltaram seu primeiro álbum. O primeiro grande trabalho vindo das terras de Cervantes em 2011 é o poderoso Diamantes, quarto trabalho de estúdio da internacionalmente desconhecida El Columpio Asesino.

Formada no começo dos anos 2000 na cidade de Pamplona, município mais conhecido por suas tradicionais corridas de touros e que anualmente recebem um número estrondoso de visitantes para tal vislumbre é também a casa do (atualmente) quinteto encabeçado por Álbaro Zaleta. Imersos em guitarras levemente acomodadas em distorções, sintetizadores versáteis e algumas viagens sonoras quase psicodélicas o grupo se completa com Raúl Arizaleta, Iñigo “Sable” Sola, Daniel Ulecia e Cristina Martínez, essa se revezando com Zaleta nos vocais.

Depois do lançamento de La Gallina em 2008, disco que rendeu ao grupo a possibilidade de excursionar em países como China, Filipinas, México e El Salvador a banda se recolheu em estúdio para o desenvolvimento de seu quarto álbum. O resultado pode ser apreciado nesse novo disco. Enquanto nos lançamentos anteriores a anda vinha levemente marcada pela influência de bandas como Pixies e Sonic Youth, com esse novo disco é o aflorar de uma sonoridade mais relaxante e introspectiva que assume o comando da instrumentação. A participação ativa dos sintetizadores assim como um melhor trabalho dos vocais acaba resultando nisso.

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Apesar de trazer consigo uma aura um tanto quanto intimista, Diamantes não chega perto de ser um trabalho recluso por demais. As nuances e formas buscadas dentro do trabalho mantém constantemente um ritmo fluente que em geral começa de maneira sofisticada no começo para dispensar maior energia nos minutos finais. Perlas traz muito isso. Abre imersa em uma sonoridade comportada para logo ir jogando doses densas de guitarras e acordes espaciais de teclados. As programações e ruídos que vão circulando ao fundo da composição apenas ampliam a qualidade das músicas.

Mesmo quando dão um pouco mais de peso às canções como em Toro e On The Floor (versão do grupo para uma faixa de mesmo nome da banda We Are Standart), o El Columpio Asesino acaba inevitavelmente se voltando ao lado compenetrado de suas instrumentações. As guitarras enérgicas logo se transformam em viagens sonoras levemente calcadas nas guitarras shoegaze e ampliadas pelas teclas excêntricas que vão sendo desferidas ao longo das faixas. É fácil a comparação com os últimos trabalhos do Sonic Youth como Rather Ripped (2006) ou The Eternal (2009), claro que de uma maneira muito mais comportada.

Além das canções enérgicas e das mais inertes, o quinteto acaba se prendendo em alguns bons momentos de experimentações sonoras. O melhor exemplo é MDMA tomada quase que totalmente pelo uso de sintetizadores e programações eletrônicas. É certo que esse quarto álbum da carreira do grupo catalão acaba demorando a engrenar, porém assim que se percebe o método de trabalho da banda e a forma como o som é conduzido dentro do disco um número relevante de possibilidades e texturas acaba se revelando. Um bom disco para ouvir sem pressa.

Diamantes (2011)

Nota: 7.9
Para quem gosta de: Los Planetas, Triàngulo de Amor Bizarro e Delorean
Ouça: Diamantes

Por: Cleber Facchi

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.