Disco: “Dr. Gonzo”, Crookers

/ Por: Cleber Facchi 25/10/2011

Crookers
Italian/Electronic/Electro House
http://www.crookers.net/

 

Por: Fernanda Blammer

Desde muito antes de apresentar seu primeiro álbum, a dupla Andrea “Bot” Fratangelo e Francesco “Phra” Barbaglia já circulava com destaque pelas pistas do mundo todo, transformando o nome Crookers em um verdadeiro sinônimo para bons remixes e faixas mais do que competentes. Seria de se esperar que ao lançar seu aguardado debut o resultado fosse exatamente o mesmo, entretanto, não foi assim que o duo italiano conseguiu desenvolver Tons of Friends, um trabalho que claramente ficava muito aquém de qualquer anterior composição da dupla.

O excesso de parcerias e participações especiais que iam de Will.I.Am à Yelle, de Mike Snow à Major Lazer, apenas serviram para ocultar uma sucessão de 20 faixas enfadonhas, composições que mesmo esforçadas, não chegavam aos pés do mais simplista remix apresentado previamente pelo duo de produtores. O disco funcionava de maneira totalmente irregular, um condensado de canções onde nada funciona de maneira harmônica, tudo é disforme, incompatível e pretensiosamente vulgar.

Agora, sem qualquer expectativa, a dupla surge com o sucessor de seu desconfortante debut, um trabalho que contra qualquer pensamento negativo prévio consegue incrivelmente acertar. Conduzido sob o nome de Dr. Gonzo (2011, Southern Fried Records), o álbum traz de volta o mesmo espírito musical dançante que proporcionou destaque ao duo em meados de 2008, revelando uma soma de composições carregadas de intensidade e beats trabalhados de forma nada moderada.

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Longe da tentativa falha em desenvolver uma música eletrônica carregada de elementos regionais – ressoando doses cavalares de um Diplo pouco inspirado -, o álbum concentra seus esforços na produção de um som essencialmente sintético e duro. Muito mais enxuto e contando com apenas 13 composições, o álbum raspa em um electropop malicioso, suga imoderadas doses de house music convencional até se encontrar com a produção britânica dos anos 2000, dando formas a composições embaladas por um dubstep menos sombrio e até mesmo cativante em alguns momentos.

Oposto do que fora apresentado há dois anos, em Dr. Gonzo o duo italiano consegue gerar uma maior aproximação entre as faixas, evitando o desenvolvimento de um trabalho demasiado esparso ou que se perca em infinitas direções. Dessa forma, é possível encontrar uma carga de similaridade entre o toque climático da faixa de abertura Dushi, o ritmo frenético de Carcola no meio do álbum e excelência quase pop de Just End, ao fecho da obra. A forte aproximação entre as faixas e o número reduzido de composições permite uma audição cuidadosa do disco, algo praticamente impossível em relação ao vasto conteúdo do último álbum.

Se antes a enormidade de participações surgia como uma espécie de máscara para as inconsistentes composições da dupla, agora cada mínima colaboração ganha um significado verdadeiro. Bem desenvolto, pronto para as pistas e acompanhado de um belo conjunto de colaboradores, Dr. Gonzo abre um leque de possibilidades para o Crookers, que acabam transformando este suposto segundo disco em seu verdadeiro trabalho de estréia.

Dr. Gonzo (2011, Southern Fried Records)

 

Nota: 7.5
Para quem gosta de: MIXHELL, MSTRKRFT e Tiga
Ouça: Carcola

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.