Disco: “Ducktails III: Arcade Dynamics”, Ducktails

/ Por: Cleber Facchi 08/01/2011

Ducktails
Lo-Fi/Psychedelic/Surf
http://www.myspace.com/ducktailss

Se com o Real Estate o guitarrista Matt Mondile se aprofunda com excelência em viagens psicodélicas através da uma instrumentação focada no surf rock, com seu projeto solo são as experimentações e canções mais herméticas que marcam as composições. Com Ducktails III: Arcade Dynamics (2011) o músico tenta produzir um trabalho que se afaste dos lançamentos anteriores, embora ainda se limite instrumentalmente e não consiga atingir o mesmo patamar de sua banda principal.

Não há como negar: é praticamente impossível ouvir qualquer disco do Ducktails mais do que uma vez. Mesmo discos experimentais como os gerados pelo Animal Collective, Grizzly Bear, HEALTH ou demais bandas do gênero sabem se apoiar em canções que de uma forma ou outra consigam atingir o ouvinte. Com o Ducktails isso parece não acontecer. É como se Mondile fizesse um disco só para ele, algo que só o músico conseguisse entender e apreciar.

Boa parte das canções é tocada de maneira “fechada” como se o músico tentasse esconder o que está produzindo. Os acordes de guitarra/violão, a bateria, os teclados e os efeitos de distorção parecem muito concentrados e simples. Mesmo em faixas como Sunset Liner, quando o músico parece se inspirar, logo vai se voltando timidamente, impedindo com que a faixa possa fluir. Está certo que com o Real Estate não existem guitarras rasgadas ou canções que joguem o ouvinte para cima, mas pelo menos existe um arranjo eficiente nas canções e uma melodia cativante, ou seja, o oposto do Ducktails.

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Contudo essa limitação sonora se mostra até uma evolução quando comparada com os antigos trabalhos do músico. Com os lançamentos anteriores Backyard (2009, uma coletânea de singles, splits e faixas avulsas do músico) e Landscape (2009) o uso de faixas controladas já era visível. É como se o músico tivesse medo ou vergonha do que está produzindo. Se bem que Mondile deveria sentir vergonha de produzir algo assim.

Há, entretanto boas composições no disco. Don’t Make Planes que poderia passar despercebida como um single do Real Estate se mostra uma canção extremamente agradável. Musicalmente é a faixa mais distinta do disco, já que se apoia em uma melodia mais pop e de fácil acessibilidade. Porém, uma única canção não se faz suficiente para sanar a deficiência do restante do álbum.

Quando se pensava que o disco já era ruim, ele ainda tem a oportunidade de piorar. Porch Projector a música que encerra o álbum é sem dúvidas a melhor canção de ninar dos últimos tempos, afinal, com mais de dez minutos de acordes masturbatórios de pura pretensão, a faixa consegue botar qualquer um para dormir. A tentativa de fazer uma canção de “Drone surf” leva o ouvinte para um passeio desesperador e monótono. Uma coisa é certa, se você aguentou firmemente até os minutos finais da última faixa: Parabéns! É preciso coragem e muita paciência.

Ducktails III: Arcade Dynamics (2011)

Nota: 4.0
Para quem gosta de: Real Estate, Beach Fossils e ficar entediado
Ouça: Don’t Make Plans

 

Por: Cleber Facchi

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.