Disco: “Dumb Death”, Vampire Slayer

/ Por: Cleber Facchi 19/01/2012

Vampire Slayer
Experimental/Electronic/Ambient
http://vampireslayer.bandcamp.com/

Por: Cleber Facchi

Valentín Torres teve uma boa educação musical. Enquanto membro do grupo mexicano de dance punk Maniqui Lazer, o músico foi soterrado por uma avalanche de referências que vinham tanto do garage rock das décadas de 1970 e 1980 como da nova frente musical que invadiu os anos 2000. Paralelo ao conjunto de pulsantes referências que o cercavam ao lado dos parceiros de banda, Torres teve tempo para adentrar o terreno da eletrônica experimental, provando de elementos muitas vezes anti-comerciais e complexos, mas que acabam servindo como principais ingredientes para a criação de um novo projeto, o Vampire Slayer.

Totalmente distante das tendências dançantes que ele e os colegas de banda pareciam interessados em ministrar, Torres e o fresquinho Dumb Death (2012, IndianGold) nos convidam a adentrar uma sala recheada por sons borbulhantes, referências distintas e ruídos que ao tomarem certa ordem se transformam em estranhas formas musicais. Transitando pelo Lo-Fi, mas sem nunca se ater ao gênero, o produtor percorre em uma dezena de faixas todo um emaranhado de possibilidades que vão do ambiental ao desconcertante em questão de segundos.

Perceptivelmente conectado com as mesmas referências que Daniel Lopatin (Oneohtrix Point Never/Games/Ford & Lopatin) utiliza como base para seus trabalhos, o mexicano transforma os curtos 28 minutos de duração do álbum em uma experiência musical vasta, embora típica de um projeto iniciante. Tímido, Torres segue ao longo do álbum experimentando uma série de tendências, pendendo ora para um som totalmente inventivo e experimental, ora para uma sonoridade mais pacata e tecnicamente convencional, como se estivesse à procura de uma identidade musical própria.

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Mesmo revelando uma sequência de composições marcadas pela diversidade de formas e texturas, em diversos momentos do trabalho Vampire Slayer revela algumas claras heranças de seu trabalho ao lado do Maniqui Lazer. A própria faixa de encerramento, Bathroom Melody armazena em seu interior um pequeno amontoado de teclados e batidas típicas do que é proposto pela banda de Torres em alguns momentos, beats logicamente reformulados dentro de uma linguagem totalmente distinta e suja, ressaltando exatamente o que Lopatin reforça no disco Returnal de 2010.

Se os toques de Drone e Ambient Music parecem estar por todos os lados do registro, pelo menos nas mãos do produtor eles ganham um caráter muito mais dinâmico e colorido, algo que a música 4Our traduz em uma forte aproximação com o trabalho do canadense Dan Deacon, principalmente do álbum Spiderman of the Rings de 2007. Há ainda um pouco de Fennesz (em escala obviamente reduzida), uma rápida passagem pela 8-Bit music e um leve tempero de psicodelia, evidenciando assim toda a diversidade que traduz Dumb Death.

Por se tratar de um projeto iniciante e refletir o desejo de Torres em estabelecer uma sonoridade distinta, o primeiro álbum do Vampire Slayer acaba devendo em alguns pontos, o que não impede que encontremos excelentes criações ao longo do álbum, como Doormat e Creepy Monkey, músicas que reforçam toda a versatilidade do produtor. Quando observado em relação ao primeiro EP do projeto lançado em 2010 (Love Galore) já possível observar uma clara evolução no trabalho do mexicano, que deve crescer ainda mais nos próximos trabalhos.

Dumb Death (2012, IndianGold)

Nota: 7.3
Para quem gosta de: Oneohtrix Point Never, Dan Deacon e Games
Ouça: Creepy Monkey

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.