Disco: “Duplodeck EP”, Duplodeck

/ Por: Cleber Facchi 08/07/2011

Duplodeck
Brazilian/Indie Pop/Lo-Fi
http://www.myspace.com/deckduplo

Por: Cleber Facchi

Alguns torrões de açúcar e guitarras distorcidas, alguns toques de romance e outros de esquizofrenia, essa é a fórmula encontrada pela banda mineira Duplodeck para desenvolver sua própria sonoridade. Em atividade entre 2001 e 2005, o grupo original de Juiz de Fora se aventurou na construção de algumas boas composições na década passada, todas infelizmente nunca lançadas. Pelo menos até agora. Com incentivo do excepcional selo mineiro Pug Records – que conta com alguns bons lançamentos de discos em fita cassete e vinil -, algumas das canções foram finalmente reveladas ao mundo, motivo mais do que suficiente para que a própria banda retomasse suas atividades.

Embora a história da banda retrate que o peculiar encontro de seus membros foi marcado pelo múltiplo interesse em Jorge Ben Jor, os sons que delimitam o autointitulado primeiro EP do grupo são completamente distintos. Em seus momentos mais “raivosos”, como o que é ressaltado em Strange Girl, o baixo pulsante não esconde: Kim Deal e seu Pixies são uma das paredes que edificam a pequena morada instrumental da banda. O mesmo vale para a rispidez das guitarras, que em A Good Man is Hard To Find trazem doses suaves de um Pavement da era Slanted And Enchanted.

Já em seus momentos mais “adocicados” são as referências aos sons do Deerhoof (algo raro em solo tupiniquin) que viabilizam a condução das músicas. Desse apanhado de canções suaves – sempre tomados pelos vocais brandos da vocalista Maria – pintam faixas como Nouvelle Vague e Última Sessão de Cinema, ambas cantadas inteiramente em português – algo ainda mais raro com bandas do gênero em território nacional. A similaridade dos vocais e as guitarras menos sujas e levemente suingadas acabam aproximando tais composições do que os cariocas do Luísa Mandou um Beijo desenvolve em seus discos, claro, cada um dentro de um terreno musical muito específico.

Brincando com as várias possibilidades de fazer música, o sexteto – formado por Alex Martoni, Rodrigo, Maria, Gui, Fred e Ricardin – e suas cinco faixas (quem compra o álbum em formato cassete recebe três canções bônus) deixam claro apenas um erro: o de a banda ter encerrado suas atividades há seis anos. O hiato de meia década, entretanto, logo deve ser superado, já que a boa fluência do atual registro deve ter continuidade, pois como apontam em sua página no MySpace um primeiro LP será lançado até o final do ano. Dúvidas de que um bom disco vem por aí? Ouça o EP e tire suas conclusões.

Duplodeck EP (Pug Records, 2011)

Nota: 7.5
Para quem gosta de: Top Surprise, Lê Almeida e Luísa Mandou um Beijo
Ouça: Última Sessão de Cinema

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.