Disco: “Dye It Blonde”, Smith Westerns

/ Por: Cleber Facchi 31/12/2010

Smith Westerns
Lo-Fi/Noise/Indie Rock
http://www.myspace.com/smithwesterns

Quando surgiram em meados de 2007 o Smith Westerns se escondia em meio a massas sonoras de distorção lo-fi e faixas praticamente inaudíveis, porém nada inovador. Mesmo a crítica deixou de lado o primeiro disco do grupo lançado em 2009, em virtude do álbum não alcançar as expectativas que a banda expunha em suas apresentações ao vivo. Contudo, nem crítica, nem público podem deixar de lado o segundo trabalho de estúdio da banda: Dye It Blonde (2011).

Se com o álbum anterior o grupo se preocupava em apenas produzir o básico, com o novo disco o quarteto de Illinois vai ao extremo. A banda, antes formada por garotos (de fato todos tinham entre 18 e 20 anos), parece agora tão bem elaborada que nem parece dona da sonoridade de outrora. As inúmeras camadas anteriormente produzidas pelo grupo agora vem de maneira límpida, audível e ainda assim com um pé suavemente calcado no noise rock.

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Quando lançaram o single Weekend em novembro de 2010 a banda já mostrava os rumos que tomaria. Seus acordes pop e melódicos prendem o ouvinte já na primeira audição. O grupo barulhento de antes parece bem mais uma banda de pop rock convencional do que os reis do rock sujo. A faixa que abre brilhantemente o novo disco tem sua eficiência repetida nas canções seguintes.

O disco transita em um universo de distorções melódicas visivelmente inspiradas no rock da década de 1960 e mais especificamente em grupos como Beach Boys, T. Rex e The Zombies. Há ainda leves referências à Beach House (All Die Young) e acima de tudo ao álbum Before Today (2010) do Ariel Pink’s Hunted Grafitti. Muitas das canções como Still New e Imagine Pt. 3 parecem ter saído do trabalho de Ariel Pink. O uso de teclados e de uma instrumentação mais “limpa” faz com que o disco consiga explorar uma musicalidade antes impossível de ser imaginada sendo tocada pelo grupo.

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Outro elemento de destaque são as guitarras. Em End Of The Night, por exemplo, o instrumento é quem dita o som. Os acordes rasgados deixam de lado os paredões sonoros do trabalho anterior em busca de uma construção rítmica muito mais detalhista e que explode em vigor. O mesmo acontece em Only One e Dye The World em que as guitarras são tocadas ao extremo levando a sonoridade do Smith Westerns a um patamar antes inalcançável.

Ainda é cedo para arriscar dizer, mas: Dye It Blonde é provavelmente um dos grandes lançamentos de 2011. Melódico, elaborado e pop, o disco se desenvolve com dinamismo e explora com excelência a sonoridade de suas canções. Se o ano vier com trabalhos carregados desse mesmo espírito, com certeza teremos mais uma ótima safra de grandes álbuns.

Dye It Blonde (2011)

1. Weekend
2. Still New
3. Imagine Pt. 3
4. All Die Young
5. Fallen In Love
6. End of the Night
7. Only One
8. Smile
9. Dance Away
10. Dye The World

Nota: 8.6
Para quem gosta de: Ariel Pink’s Hunted Grafitti, Girls e No Age
Ouça: Weekend

Por: Cleber Facchi

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.