Disco: “Echoes Of Silence”, The Weeknd

/ Por: Cleber Facchi 03/01/2012

The Weeknd
Canadian/Electronic/R&B
http://www.the-weeknd.com/

Por: Cleber Facchi

Em se tratando da sétima arte é possível observar dois tipos bem específicos de trilogias ou franquias cinematográficas. Em maior número (e sempre figurando com mais destaque) surgem trabalhos que parecem vir em sequência de um filme bem conceituado comercialmente, uma película lucrativa e que por exigência dos estúdios acabam contando com extensões duvidosas, continuações pouco ou nada relevantes e que acabam surgindo unicamente por conta de exigências econômicas. Dentro desse grupo é possível observarmos “obras” como a trilogia Matrix ou incontáveis outras séries de filmes de horror que anualmente ganham nova continuidade.

O outro tipo de sequência cinematográfica é a composta por filmes pré-planejados e obras fechadas. Continuações como as três partes de O Senhor Dos Anéis, que acabam contando com um trabalho muito mais primoroso e movido pelo esmero de seus idealizadores – claro, nem sempre isso pode ser aplicado a todos os trabalhos do mesmo estilo. Como resultado, temos uma obra visivelmente melhor planejada, resultando em um produto visual aprazível, convincente e facilmente encaminhado para se transformar em um provável clássico.

Caso fosse estruturado como um projeto de cinema, a obra do canadense Abel Tesfaye, ou como acabou amplamente conhecido ao longo dos últimos meses, The Weeknd, faria obviamente parte desse primeiro grupo, algo que a terceira parte de sua não planejada trilogia – Echoes Of Silence (2011, Independente) – acaba por revelar. Entretanto, diferente de todas essas sequências forçadas e que crescem em virtude de um trabalho inicial bem sucedido para depois se converter em uma construção de obras vergonhosas, Tesfaye (e a obra por ele anunciada) acaba revelando um resultado claramente aceitável, fazendo parte de um terceiro grupo de criadores.

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A trilogia proposta pelo produtor canadense – que se completa com House Of Balloons e Thursday – se fizesse parte do plano cinematográfico viria emoldurada pelo mesmo resultado satisfatório que trilogias como Star Wars, De Volta Para o Futuro ou O Poderoso Chefão acabaram proporcionando, películas sequenciadas que vieram do sucesso de uma obra primária, para posteriormente se transformar em grandes tratados da sétima arte. Tesfaye, assim como George Lucas, Robert Zemeckis e Francis Ford Copolla usa de sua trilogia básica como mecanismo de destaque e construção de um pequeno culto ao seu redor.

Ainda relacionado com a mesma sonoridade dos dois trabalhos anteriores, em Echoes Of Silence The Weeknd parece restabelecer a mesma mobilidade melódica que estabeleceu o destaque em todo o bem recebido primeiro disco, concentrando refrões fáceis (algo bem observado em Montreal e The Same Old Song) com uma sonoridade marcada pela intensidade das batidas e o uso de samples eficazes. O melhor exemplo da boa forma do produtor está na canção de abertura através de D.D., versão de Dirty Diana, quinto single do álbum Bad de Michael Jackson e que nas mãos de Tesfaye ganha contornos modernos e surpreendentemente ricos, ultrapassando as barreiras de um mero cover.

Menos extenso dos três álbuns, o novo disco apresenta um artista muito mais ciente de sua obra, sendo capaz de compartilhar as criações do registro com outros produtores, como Clams Casino na faixa The Fall e DropxLife em Inanition. Se em Thursday havia a falta de hits tão marcantes quanto The Morning e What You Need (clássicos do primeiro disco), agora é possível absorver um novo contingente de criações louváveis e comerciais, uma naturalidade pop e acessível que mesmo os mais de sete minutos de XO/The Host não conseguem bloquear. Tesfaye criou uma das melhores franquias musicais dos últimos anos e mesmo aqueles que não se interessam por blockbusters, acabam convencidos pelo produtor.

Echoes Of Silence (2011, XO)

Nota: 8.0
Para quem gosta de: Drake, Frank Ocean e Teorius Nash
Ouça: The Fall e D.D.
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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.