Disco: “Edward Sharpe and The Magnetic Zeros”, Edward Sharpe and The Magnetic Zeros

/ Por: Cleber Facchi 30/07/2013

Edward Sharpe and The Magnetic Zeros
Indie/Folk/Psychedelic
http://edwardsharpeandthemagneticzeros.com/

 

Por: Fernanda Blammer

Alex Ebert

A fé e as melodias se confundem no trabalho do coletivo californiano Edward Sharpe and the Magnetic Zeros. Cada vez mais relacionado com as invenções proclamadas na música gospel dos anos 1970, o grupo comandado pela figura quase messiânica de Alex Ebert alcança o terceiro registro em estúdio em boa forma. Depois do começo desajeitado em Up from Below (2009) e de um melhor aproveitamento nos sons impostos em Here (2012), a banda norte-americana transforma o autointitulado terceiro disco em um ponto natural de crescimento, exercício firmado em vocais e sons cada vez mais estruturados em um ambiente próprio da banda.

Livre da psicodelia torta e do Freak Folk ocasional que se apoderava dos primeiros lançamentos, com a chegada do novo disco, o direcionamento incorporado pela banda é claro: simplificar. A multiplicidade de instrumentos e sons outrora alimentados pela grandeza incorporam uma postura de leveza em todo o registro. As vozes se misturam ao uso confortável de violões e parcos elementos percussivos, resultando em um projeto intencionalmente limitado, porém, tão atrativo quanto os anteriores inventos da banda. Mais uma vez, a mensagem proposta pelo grupo é muito mais relevante que os sons.

Partindo dessa premissa, o grupo organiza o presente álbum como uma espécie de continuação imediata ao disco anterior. São composições marcadas por versos de apelo filosófico, um forte sintoma de empatia, relação entre os povos e, claro, a presença de Deus como principal componente no universo temático do grupo. Dentro desse esforço, há um curioso enquadramento lisérgico-religioso, efeito absorvido com cuidado desde a primeiro obra do grupo, porém, exposto com maior aceitação pelo disco, como em músicas aos moldes de Let’s Get High, If I Were Free e In The Lion.

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Claro que a busca por um trabalho de conceitos líricos específicos não inviabiliza a natureza assertiva dos sons. Diferente dos dois registros anteriores, há na construção do novo álbum um atento exercício de imposição caseira sobre as melodias que alimentam a obra. É como se todo o álbum fosse parte de um material raro e recém-descoberto, resultado de composições marcadas pelo teor empoeirado dos vocais e a forma artesanal como os instrumentos são encaixados pelo disco. É quase possível entender o álbum como um B-Side do disco anterior, tamanha a relação entre os sons e inventos que o preenchem.

É justamente por conta dessa extrema aproximação com o trabalho anterior que a presente obra do grupo californiano perde seu charme. Ainda que exista uma maior compreensão sobre a própria estética da banda, diversos temas dissolvidos pela obra anterior soam adaptados, tornado a execução do novo disco redundante em vários aspectos. Mais do que isso, falta ao novo álbum a presença ativa de grandes composições ou possíveis hits. Mesmo que esta não seja a proposta do grupo, não há como negar o apelo melódico desenvolvido no último disco,esforço que ecoa de maneira precária na atual fase do grupo.

Nitidamente voltado aos já desbravadores do universo proposto pela banda, o novo álbum se apresenta como um catálogo de colagens que mesmo requentadas parecem longe de cair em erros ou possíveis exageros por parte do grupo. Sim, falta o mesmo senso de novidade previamente exposto, mas nas mãos do Edward Sharpe and the Magnetic Zeros a repetição parece dar certo, mesmo que por algumas audições.

 

Edward Sharpe

Edward Sharpe and the Magnetic Zeros (2013, Vagrant)

Nota: 6.0
Para quem gosta de: Alabama Shakes e Devendra Banhart
Ouça: Better Days

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.