Disco: “EMIKA”, Emika

/ Por: Cleber Facchi 05/10/2011

Emika
British/Electronic/Dubstep
http://www.emika.co.uk/

Por: Fernanda Blammer

Aos que acompanham o trabalho da cantora britânica Emika, provavelmente ouvir seu primeiro registro em estúdio é como se deparar com o ponto máximo de uma obra que foi lentamente sendo edificada desde idos de 2010. Da pequena explosão com o single Drop The Other para o lançamento da envolvente Count Backwards, até a chegada do arrasa-quarteirões Pretend, com seu ritmo sempre ascendente, a cantora foi pouco a pouco solidificando sua obra, um trabalho que se revela mais do que pronto e bem delineado quando nos deparamos com as 12 faixas que ecoam ao longo de seu bem sucedido debut.

Protegida pelo influente selo britânico Ninja Tune – que na última década apresentou nomes como Bonobo, The Bug , Toddla T e outros grandes representantes da atual cena eletrônica inglesa -, Emika (que é de origem checa e hoje vive em Berlin) começou na música assim como diversos outros produtores musicais: ao acaso. Embora venha de uma educação musical toda delineada em cima da música clássica, foi ao desenvolver suas primeiras programações eletrônicas em seu brinquedinho da Apple que a garota (na época com 17 anos) finalmente tomou gosto pela coisa e resolveu se profissionalizar.

Totalmente entregue aos 2-step britânico, algumas obvias pendências ao dubstep e uma forte ligação com o trip-hop (fruto de sua morada por mais de um ano na cidade de Bristol, berço do gênero em questão), a cantora dilui com exatidão os quase 50 minutos de sua estreia, mobilizando composições que flutuam entre o dançante, o experimental e até mesmo o pop em uma sintonia única. A beleza do registro, entretanto, não está no bem posicionado uso de loopings, beats ou dos vocais esvoaçados da bela, mas sim na forma como todas suas diferentes experiências em diferentes pontos da Europa acabam convergindo para dentro do álbum.

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Cada faixa presente no registro não se concentra totalmente em cima de uma única e imutável experiência musical, com Emika entrelaçando um vasto catálogo de sons e referências musicais dentro de cada música, como se para cada lugar que tenha habitado ela trouxesse uma mínima particularidade. Em Common Exchange, por exemplo, há desde o uso de pianos esporádicos (herança de suas experiências com a música erudita), batidas no melhor estilo 2-step (fruto de sua estadia em Londres) e vocais posicionados de maneira etérea, quase chapada, reforçando sua ligação com o trip-hop, principalmente aquele explorado em princípios dos anos 90 em Bristol.

Diferente de outras expoentes femininas do mesmo gênero, como Subeena e Katy B, Emika mantém constantemente a música pop em um segundo plano de seu trabalho, manifestando tal preferência principalmente através de seus versos (que se concentram quase inteiramente em cima de narrativas) e raramente em suas melodias. Mesmo dono de uma sonoridade volátil e que se apoia em diversas referências musicais, o álbum reforça constantemente o uso de uma sonoridade mais ponderada, soturna e que lentamente vai se intensificando através de seu aglutinado de texturas ou mínimas formas de sons.

Longe de soar como um trabalho demasiado complexo, a estreia de Emika vai se desenrolando de maneira suave, apresentando desde faixas mais intimistas e moderadas (Double Edge e Credit Theme), até criações montadas inteiramente para as pistas (Pretend e Common Exchange). Surpreendentemente capaz de seduzir em uma única audição, o álbum e seus emaranhados de sons abafados e hipnóticos vão lentamente ocupando os tímpanos do ouvinte, com a cosmopolita Emika encontrado um novo lugar para fazer de sua morada.

Emika (2011, Ninja Tune)

Nota: 7.8
Para quem gosta de: Katy B, Zomby e Chase & Status
Ouça: Pretend e Common Exchange

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.