Disco: “En T’Attendant”, Mélanie Laurent

/ Por: Cleber Facchi 07/06/2011

Mélanie Laurent
French/Indie/Female Vocalists
http://www.melanie-laurent.net/

 

Por: Fernanda Blammer

É realmente difícil acreditar que os vocais doces e aveludados que ecoam em En T’Attendant (2011) – trabalho de estreia da atriz e cantor Mélanie Laurent – são os mesmos que dão voz a personagens tão emblemáticos do cinema contemporâneo. Depois de conquistar a crítica e o público com o marcante papel de Shoshanna Dreyfus, no filme Bastardos Inglórios (Inglorious Basterds, 2009) de Quentin Tarantino, a bela resolve assumir sua faceta musical, expondo um trabalho ao mesmo tempo doce e de profunda amargura.

Não são poucas as atrizes que envergam para o meio musical. De Zooey Deschanel, passando por Scarlett Johansson até Juliette Lewis, o que não faltam são (boas) atrizes empregando sua voz com propriedade. Porém, nem todas conseguem dar conta da dupla função (Suzana Vieira que o diga), mas claro que Laurent não está nesse grupo. Com 12 faixas, a (agora) cantora surpreende não apenas por sua agradável voz, mas pelo conjunto de versos apaixonados, sofridos e sempre acalentadores que apresenta, além, é claro, da condizente instrumentação que segue pavimentando o caminho para que seus vocais possam deslizar.

Os pianos que inauguram o álbum na faixa Début já anunciam ao ouvinte que pelos próximos 50 minutos aquela será a morada de sons brandos e pouca alteração. Mesmo as guitarras e a bateria suja da canção seguinte, a mesma que nomeia o disco, pouco interferem na tranquilidade soturna que expõem o álbum, isso até Laurent despejar seus primeiros gritos, próximo ao final da faixa. Apenas desespero passageiro, já que Everything you’re not supposed to be, canção em parceria com irlandês Damien Rice (que posteriormente volta em Uncomfortable) traz o álbum de volta aos suaves trilhos.

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Lembrando um Beirut do álbum The Flying Club Cup (2007), Circus é uma dessas faixas em que o álbum se destaca não pelos vocais de Mélanie, mas pela excepcional instrumentação que se aplica ao trabalho. Seja a percussão minimalista, os arranjos de corda e sopro, a utilização de sanfonas e os teclados, tudo converge para dar beleza ao álbum e enaltecer ainda mais os afáveis vocais da cantora. O mesmo vale para Kiss e Je Connais, em que a sonoridade explorada vai de uma temática infantil para um orquestral festivo, soando de alguma forma similar ao explorado por Jónsi em sua carreira solo.

Há sempre um tipo de compensação ao ouvir as canções em En T’Attendant. Quando os sons explorados são mais simplistas, como em Pardon – com Laurent acompanhada apenas de um violão e um violoncelo – então a letra se engrandece, destilando todo o sofrimento da musicista, lamentando o término de um amor recente. Se a poesia é simples, então a instrumentação chega caprichada, feito o encontrado em Insomnie, momento em que uma das mais belas melodias do álbum torna-se exposta.

Dividindo seus vocais entre inglês e francês, Laurent proporciona um registro de pura amargura, mas que deve acalentar alguns corações nesse inverno. Embora a temática do “coração partido” até soe batida em alguns momentos, a boa instrumentação amarrada ao disco preenche ou esconde todas as lacunas que pudessem aparecer. A suavidade que constroi o álbum faz com que até a rápida participação de Damien Rice soe desnecessária, com Mélanie assumindo com propriedade todos os riscos, erros e acertos que seu primeiro disco apresenta.

 

En T’Attendant (2011)

 

Nota: 7.4
Para quem gosta de: Carla Brunni, Charlotte Gainsbourg e Russian Red
Ouça: En t’attendant

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.