Disco: “End It All”, Beans

/ Por: Cleber Facchi 08/02/2011

Beans
Hip-Hop/Rap/Electronic
http://www.myspace.com/mrballbeamakabeans/

Se rodear de grandes participações é o mesmo que sucesso garantido para qualquer novo álbum? Nem sempre. O novo trabalho do rapper norte-americano Robert Edward Stewart II, que atua sob a alcunha de Beans chega para provar isso. End It All (2011) entrega uma série de rimas bem desenvolvidas que se complementam pela produção de inúmeros artistas de diferentes seguimentos musicais, mas que acaba soando frágil e ambicioso demais.

Ao lado de High Priest, M. Sayyid e Earl Blaize, Beans foi e ainda é parte do coletivo de hip-hop Antipop Consortium, que desde o começo dos anos 90 vem destilando suas rimas e fundindo suas batidas com toques de música eletrônica e experimentalismos diversos. Com o grupo, o rapper já chegou a se apresentar ao lado de DJ Shadow na abertura dos shows do grupo Radiohead durante a turnê norte-americana do álbum Amnesiac (2001). Em carreira solo Stewart II se vale do mesmo ritmo e batidas para da forma às suas composições, embora tenha um maior favoritismo pela eletrônica, elemento que se sobressai ainda mais nesse novo álbum.

Se End It All é um disco pensado nas participações são elas os maiores acertos e erros do álbum. Quando o britânico Kieran Hebden do Four Tet aterrissa na faixa Anvil Falling temos um claro acerto, mesmo com a curtíssima duração da música (menos de um minuto). Tunde Adebimpe (TV on The Radio) também traz outro acerto ao trabalho em Mellow You Out, por meio dos toques experimentais inseridos na faixa. Mas a melhor faixa é Electric Bitch, essa produzida pelo baterista do Interpol Sam Fogarino e com um ritmo que deveria ser mantido no restante do álbum. A sonoridade obscura dada a composição a torna a o elemento mais distinto de todo o trabalho e justamente por isso o melhor momento o disco.

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Já Tobacco, sempre marcado pelos excessos e excentricidades em seus discos chega contido com sua participação pífia nos comandos de Glass Coffins. O mesmo vale para a produção de Nobody em Deathsweater, uma faixa marcada pela ausência de inovação e excesso de monotonia. Contudo o trip-hop de Son Lux em Blue Movie traz o álbum de volta aos eixos, e mais uma vez se apoia em uma melodia melancólica e obscurecida, ou seja, outro grande acerto.

Quando sozinho Beans também sabe se virar, algo que fica mais do que visível ao ouvir as batidas minimalistas de Hardliner ou a pegada IDM em Gluetraps. O mesmo não vale para Air Is Free, que mais parece uma produção assumida por alguém que está produzindo algo pela primeira vez na vida.

Embora venha carregado por uma boa quantidade de acertos e alguns pequenos erros, o novo trabalho de Beans acaba soando ausente de coesão. As faixas dificilmente conversam entre si e a inconsistência de ritmos e de um padrão faz o álbum soar artificial demais. Tudo bem que isso se dá pelo diferentes estilos e preferências de quem produz as faixas do disco, mas uma linha pré-definida e um estilo assumido seria o suficiente para livrar o trabalho desses erros. O acerto está claramente em transitar por batidas mais pesadas e lúgubres, basta agora o rapper perceber e dar continuidade a isso.

End It All (2011)

Nota: 7.4
Para quem gosta de: Antipop Consortium, Jay-Z e Four Tet
Ouça: Electric Bitch

Por: Cleber Facchi

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.