Disco: “EP”, A Nave

/ Por: Cleber Facchi 11/11/2011

A Nave
Brazilian/Indie Pop/Alternative
http://www.anavemusica.com.br/

 

Por: Cleber Facchi

 

Tratar sobre qualquer registro vindo do acalentado cenário pernambucano é praticamente uma prerrogativa para falar sobre álbuns que prezam pela multiplicidade de ritmos, toques de música regional e uma profusão de sons tão calorosos quanto o clima que marca o estado, correto? Errado. Tudo bem que essa pode até ser a lógica que rege o trabalho de grupos veteranos como Nação Zumbi, Eddie ou Mundo Livre S/A, entretanto, é totalmente oposto ao que o quinteto A Nave – que chega diretamente da capital Recife – tem desenvolvido em seu primeiro e bem explorado EP.

Se não fosse pelo característico sotaque que tempera cada uma das quatro faixas do registro, ouvir o delicioso primeiro trabalho do grupo seria como se deparar com qualquer projeto emanado em algum acinzentado estúdio paulistano. Construído inteiramente em cima de um bem projetado jogo de pianos e teclados que flertam assumidamente com as tendências do Indie Pop, o pequeno álbum transforma sua curta duração em um bem aproveitado encontro entre harmonias suaves e versos que costuram cenas do cotidiano.

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Soando como um Mombojó menos sorumbático ou como uma versão mais plástica do extinto grupo Parafusa – de fato os teclados muito lembram o doce Meio-dia na rua Harmônia, de 2004 -, o disco vai se orientado de forma suave, proporcionando ao espectador um conjunto açucarado de canções facilmente absorvíveis. Da suavidade crescente de Vou Te Pentear (com seus teclados que transparecem um Passion Pit abrasileirado) ao romantismo cômico de Cachorro, o registro se fecha em um conjunto de faixas simplistas, porém, suficientemente encantadoras e capazes de manter a atenção do ouvinte sempre alta.

Claramente distanciados da febre causada pelo Los Hermanos na última década, o quinteto formado por Lula (Piano e voz), Luccas Maia( Baixo e voz), Eduardo Braga (Guitarra), Bruno Cupim (Bateria) e Guga Fonseca (Teclados) se apresenta coerentemente capaz de dialogar com todas as referências sonoras que ecoam para além de solo tupiniquim, embora muito do que delimite o trabalho do quinteto reverbere toques de um som puramente nacional. Doce, mas sem parecer enjoativo, o trabalho indubitavelmente premia qualquer um que resolva por ele se aventurar, basta adentrar e seguir sem medo dentro dessa convidativa e mágica nave musical.

 

EP (2011, Independente)

 

Nota: 7.5
Para quem gosta de: Mombojó, Parafusa e Passion Pit
Ouça: Vou te pentear e Pancadão

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.