Disco: “Everything Is Boring”, Spank Rock

/ Por: Cleber Facchi 04/10/2011

Spank Rock
Hip-Hop/Alternative/Electronic
http://www.spankrock.net/

 

Por: Fernanda Blammer

Poucos produtores musicais que surgiram na última década tiveram tanto impacto no cenário musical alternativo quanto Diplo. Sempre centrado na produção de trabalhos carregados de beats calorosos e uma forte aproximação com as periferias de todo o mundo, o americano foi aos poucos delineando uma série de artistas através de suas composições construídas em cima de um ritmo forte e uma funcionalidade incrivelmente dançante, algo que se reflete nos trabalhos de gente como Santigold, M.I.A., uma diversidade de artistas brasileiros e inclusive no mais novo lançamento do coletivo de hip-hop Spank Rock.

Assim como havia no anterior trabalho do grupo, YoYoYoYoYo de 2006, em Everything Is Boring and Everyone Is a Fucking Liar (2011, Bad Blood) mais novo lançamento do quarteto vindo de Baltimore, Maryland, o álbum surge como uma grande convergência de ritmos e referências musicais. Das primórdios do rap para a explosão do gênero nos anos 90, passando por todo um colossal jogo de tendências que resultam em um projeto dançante e descompromissado, o disco vai lentamente se desdobrando em uma sequência de 14 hits, faixas tomadas por um forte apelo radiofônico, mas que infelizmente acabam resultando em uma sonoridade fraca e pessimamente administrada.

O disco já começa errado através dos versos enfadonhos de Ta Da, uma espécie de introdução ao trabalho, mas que em nada consegue acrescentar ao registro. Mesmo a faixa seguinte, Nasty, contando com a participação de Big Freedia consegue dar uma boa abertura ao álbum, com Alex Epton (ou como é conhecido, XXXChange), uma das cabeças do projeto, desenvolvendo um tipo de som excessivamente ponderado e monótono, não se salvando nem em seus momentos finais, quando a canção se aproxima de algo voltado para o dubstep.

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Até a presença de uma sempre entusiasmada Santigold na faixa seguinte, Car Song, consegue de alguma forma agradar. É como se a canção – assim como grande parte das músicas que surgem ao longo do álbum – fosse feita as pressas ou sem que haja um mínimo empenho de seus realizadores. É só a partir de The Dance que a banda parece finalmente conseguir um bom resultado em suas criações, algo que se repete de forma bem desenvolvida em #1 Hit, faixa que reforça toda a influência de Diplo sob a obra do grupo, expondo assim uma das (poucas) grandes composições do álbum.

Da mesma maneira que a capa do disco já deixa visível um aspecto nonsense e sem qualquer tipo de sustentação em uma ideia ou segmento, a forma como as faixas são organizadas dentro do álbum repassam a mesma percepção. Cada uma das composições presentes no interior do trabalho evidenciam uma sonoridade completamente distinta uma das outras, com o grupo reproduzindo um trabalho sem qualquer tipo de ordem ou relação entre as faixas, algo que obviamente acaba impedindo uma boa audição do registro, bem como a presença de um ouvinte que acaba desnorteado e sem qualquer tipo de apoio.

Everything Is Boring and Everyone Is a Fucking Liar não soa como um trabalho difícil de ser absorvido, entretanto, a falta de ordem entre as composições, o excesso (pelo menos cinco faixas poderiam ser simplesmente descartadas do disco) e a ausência de ritmo ou identidade própria acabam traduzindo o álbum em um projeto desnecessário e até vergonhoso em alguns pontos.

 

Everything Is Boring and Everyone Is a Fucking Liar (2011, Bad Blood)

 

Nota: 5.0
Para quem gosta de: Diplo, Santigold e M.I.A.
Ouça: #1 Hit

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.