Disco: “Everything Is Dancing”, Fair Ohs

/ Por: Cleber Facchi 30/07/2011

Fair Ohs
Indie Pop/Afrobeat/Surf
http://www.myspace.com/theemightypharoahs

 

Por: Cleber Facchi

De um lado a sonoridade tribal e festiva dos nova-iorquinos do Vampire Weekend. Do outro lado a musicalidade dançante e suja dos californianos do Abe Vigoda. Do encontro entre estas duas tendências tecnicamente distintas parece surgir o entusiasmado disco Everything Is Dancing (2011, Lefse Records), trabalho de estreia da banda sul-africana Fair Ohs, grupo composto por três jovens instrumentistas da cidade de East London, que através de um singelo agregado de composições ensolaradas apresenta um dos trabalhos mais divertidos e espirituosos do ano.

Surf rock, Indie Pop, Afrobeat, Garage Rock e Noise Pop, diversos são os estilos que se encontram dentro do vasto universo de referências que delimitam o trabalho do trio formado por Eddy Frankel, Matt Flag e Joe Ryan. Ao longo de 35 minutos, o trio africano nos conduz através de sua sonoridade cativante, não apresentando qualquer tipo de novidade ou revolução musical, porém utilizando de seu apanhado de influências para reproduzir uma massa sonora tomada por um clima festivo, bem humorado e guitarras carregadas de suingue.

A abertura preguiçosa da música Baldessari, com um profundo toque de surf pop surge como um belo aperitivo perto do que iremos nos deparar ao longo do disco. Em pouco mais de três minutos a calorosa composições – que mais parece ter escapado de algum grupo californiano – delimita as diretrizes do álbum, valendo-se de rifes de guitarras pegajosos, vocais estabelecidos dentro de uma espécie de ritual indígena e uma letra que em nenhum momento busca desanimar o ouvinte, mantendo-o sempre preso ao clima de pura celebração que se instala no desenrolar da faixa.

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Com o passar do disco as referências da banda tornam-se cada vez mais definidas. Em suas bases o trio se sustenta em cima de guitarras meticulosamente sujas, conduzidas por uma fluidez lo-fi e sempre prontas para apresentar algum solo ensolarado ou que puxe o ouvinte para a dança. Nos vacais a banda se entrega ativamente aos toques de afrobeat, fazendo não apenas o uso de letras que brinquem com as palavras em uma espécie de versos tribais, mas no uso de cantos e apoios vocálicos que sempre remetam à uma espécie de ritual.

Enquanto na primeira metade do trabalho o grupo orienta seus esforços em cima de um som mais convencional ou de profunda aproximação com seu lado mais “roqueiro”, na segunda parte do registro é a multiplicidade rítmica que se instala no registro. Com a chegada da faixa título, sexta composição do álbum, todas as possibilidades instrumentais da banda parecem crescer, com o trio proporcionando uma sequência de acordes ainda mais acalentados que os apresentados anteriormente, sempre acompanhados de vocais climáticos e uma percussão que mais uma vez realça as influências regionais do grupo.

Como o próprio título do álbum faz questão de avisar, “tudo é dança” dentro do trabalho do Fair Ohs. Mesmo que o trio sul-africano pouco inove ao longo do registro, utilizando de referências já tradicionais de uma série de bandas, o que não falta ao trabalho do grupo são bons hits, faixas montadas em cima de um espírito festivo e que despeja uma instrumentação radiante. Um pouco de inovação não traria qualquer tipo de problemas ao som do trio, entretanto, mesmo brincando com o básico a banda consegue acertar, e muito.

 

Everything Is Dancing (2011, Lefse Records)

 

Nota: 7.7
Para quem gosta de: Abe Vigoda, Vampire Weekend e Lovvers
Ouça: Everything Is Dancing

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.