Disco: “First Wave”, Dam Mantle

/ Por: Cleber Facchi 24/02/2011

Dam Mantle
Electronic/Experimental/Hip-Hop
http://www.myspace.com/porcelainpoems

 

Nada de batidas minimalistas e sons reclusos, para o jovem escocês Dam Mantle é através de um ritmo escancarado e repleto de tonalidades múltiplas que a música deve ser feita. Se aventurando timidamente pelo ritmo eletrônico desde 2009 e lançando alguns trabalhos no ano seguinte, o rapaz vindo de Glasgow já conta com uma agenda de shows lotada em 2011 e acaba de soltar seu primeiro trabalho “de estúdio”, First Wave, um registro dotado de versatilidades, sons inconstantes e fórmulas que vão da Chillwave ao Dubstep.

As primeiras criações de Mantle começaram em sua casa, quando passava horas à fio se aventurando na criação de loopings incontidos que acabaram se transformando nas suas primeiras músicas. Depois de jogar algumas faixas em sua página no MySpace o rapaz logo foi convidado a remixar o trabalho de outros artistas da eletrônica, feito que contribuiu para que conhecesse e virasse amigo Derwin Panda, o produtor responsável pelo projeto Gold Panda. Ainda em 2010 o escocês participou de uma coletânea de remixes feita pela banda conterrânea Errors, o que mais uma vez contribuiu para que seu trabalho fosse reconhecido e consequentemente se apresentasse em diversos clubes noturnos do Reino Unido.

Além de excursionar ao lado do Gold Panda e Toro Y Moi em suas apresentações, Mantle tirou um tempo para produzir seu álbum de estreia. Com 13 faixas o disco condensa algumas das músicas já conhecidas do produtor, assim como entrega uma boa quantidade de novidades. Se aventurar por First Wave é o mesmo que adentrar um universo estranho, mas que as poucos se revela uma plano coerente e acolhedor. A excentricidade das criações lembra muito o trabalho de Will Wisenfield do Baths. A ausência de coordenação das faixas, o favoritismo ao hip-hop com toques de eletrônica e o caráter mais plástico das programações fazem com que Cerulean (2010) e esse disco de estreia mantenham certa ligação.

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Mesmo que as tracks de Dam Mentle venham tomadas por um exercício minucioso no encaixe das batidas e das programações eletrônicas, o trabalho passa longe de ser minimalista. As fórmulas assíncronas e cuidadosas do produtor passeiam pela Chillwave (Rebong), alguns toques de Deep House (Purple Arrow), elementos do dubstep (Broken Slumber) e até 8bit, mas é no Hip-Hop que ele firma suas raízes. É como se Mantle criasse um trabalho apenas esperando que alguém trouxesse as rimas.

Apesar da boa fluência das faixas é perceptível uma não coerência entre elas. É o tipo de trabalho que não precisa ser apreciado da primeira à última faixa em uma ordem pré-estabelecida. Independente de você começar ouvindo Theatre no meio do disco, D2 no final ou A Statue that is Perpetually Unveiled na abertura não existe ordem ou direção. Tal escolha permite com que o álbum sofra inúmeras reconfigurações e se dissolva em múltiplas possibilidades de audição.

Embora Mantle acompanhe alguns artistas da Chillwave seu trabalho em nenhum momento se perde através de criações lo-fi viajadas ou que entreguem um lado mais “praieiro”. Mesmo em The March of the Prince e Beaching Loom, que se constroem a partir do sampler de diversos elementos orgânicos, o produtor consegue limar as arrestas e acaba por desenvolver duas faixas plastificadas e límpidas. Ao mesmo tempo em o disco entrega aspectos detalhados e maduros fica mais do que claro o quanto Dam Mantle ainda busca por um ritmo ou uma forma de criar só sua. Essa é apenas a primeira onda do produtor, ele ainda tem tempo até fazer vibrar uma onda só sua.

 

First Wave (2011)

 

Nota: 7.7
Para quem gosta de: Gold Panda, Baths e Toro Y Moi
Ouça: Broken Slumber

Por: Fernanda Blammer

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.